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Jonasnuts

Jonasnuts

Coisas esquisitas que eu gostava de ter em casa

Jonasnuts, 16.03.10

Tenho um gosto um bocado esquisito, concedo isso. As casas onde vivi sempre tiveram umas coisas malucas que faziam as pessoas esbugalharem os olhos. Ainda me lembro do empreiteiro que ficou com a obra de renovação duma casa de banho, quando lhe expliquei que os azulejos que deveria colocar na parede eram daqueles baratuchos, todos brancos, normalíssimos, mas todos partidos. Primeiro que conseguisse que ele percebesse que eu queria MESMO os azulejos partidos, foi o cabo dos trabalhos.

 

Enfim, isto tudo para explicar que gosto de coisas inusitadas e originais, que a maioria das pessoas (pelo menos as que conheço) detesta.

 

E hoje dei com uma dessas coisas. Adorava, adorava, adorava.

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Já está tudo mais calmo com a cena da oferta das flores?

Jonasnuts, 15.03.10

Fixe. Então agora que está tudo animado mas por outras razões, acho que já posso contar aqui uma história com quase 10 anos. É verídica e eu sei, porque aconteceu comigo.

 

Há mais ou menos 10 anos, farta de estar a trabalhar onde estava a trabalhar, decidi mudar de trabalho. Queria manter-me na mesma área e, há 10 anos, tal como agora, só há único sítio de jeito para trabalhar naquilo de que gosto, o SAPO.

 

Não conhecia ninguém no SAPO. Enviei um mail, uma auto candidatura. Uma carta de apresentação informal, o meu CV e o endereço que usei era o geral do SAPO.

 

Sabendo o que sei hoje, e conhecendo a pessoa que estava responsável por ler os mails que chegavam à caixa de correio, sei que foi um milagre o mail ter sido visto, lido, respondido e que tenha sido marcada uma reunião.

 

Lá fui eu, mais compostinha que o habitual e com um dilema na alma. Os CVs requerem que explicitemos o estado civil, e sim senhor, lá estava o meu estado civil, solteirinha da silva.

 

No entanto, eu tenho um filho, e já na altura o tinha, e é a minha prioridade, e já na altura era. Eu queria que os senhores soubessem que eu tinha um filho e, no momento em que ele precisasse de mim, fosse qual fosse a hora, eu largava tudo e ia. No matter what.

 

Achei que era justo explicar a um potencial empregador com o que é que poderia contar, de mim. Camisola vestida, dar o litro, trabalhar fora de horas mas, a prioridade é o puto.

 

E assim foi, depois duma entrevista que foi mais uma conversa informal do que outra coisa, cheguei ali à fase dos finalmentes e disse-lhes isso mesmo. Meus senhores, está aí que sou solteira, e é verdade, mas tenho um filho, e a minha prioridade é o meu filho, se ele disser "ai", eu vou. Era um risco, mas preferi corrê-lo do que enganar os gajos.

 

Fui contratada na hora. Tipo, 5 segundos depois de ter dito aquilo. Anos mais tarde, a pessoa que tomou a decisão de me contratar disse-me "Jonas, eu tinha poucas dúvidas, mas aquela tua tirada tirou-me as poucas dúvidas que eu tinha, de que eras a pessoa certa".

 

 

Ah, mas isso é a excepção na PT, e o gajo que te contratou já deve ter saído ou não manda nada. Não sei se é a excepção, mas o gajo que me contratou é administrador com presença na Comissão Executiva.

 

Embrulha.

Bill Maher sobre os professores portugueses

Jonasnuts, 13.03.10

E quando o Bill Maher escreve sobre os professores portugueses, é sinal de que algo vai mal, certo?

 

Um pequeno aperitivo:

 

"New Rule: Let's not fire the teachers when students don't learn - let's fire the parents. Last week President Obama defended the firing of every single teacher in a struggling high school in a poor Rhode Island neighborhood. And the kids were outraged. They said, "Why blame our teachers?" and "Who's President Obama?" I think it was Whitney Houston who said, "I believe that children are our future - teach them well and let them lead the way." And that's the last sound piece of educational advice this country has gotten - from a crack head in the '80's."

 

Passem por lá e leiam o resto, que vale a pena. Substituam as referências americanas por referências portuguesas, e percebem que se tivéssemos um Bill Maher em Portugal, aquilo poderia ser escrito cá. O que é grave, tendo em conta o grau de ignorância e de instrução do americano médio.

 

Acima de todos os outros indicadores, esta crónica de Bill Maher devia ser a wake up call, ou a gota no copo de água.

Tron

Jonasnuts, 11.03.10

Tron é um filme de 1982. Tem quase 30 anos. Vi-o quando estreou e adorei. Passou relativamente despercebido. Aliás, era pouco fashion dizer-se que se tinha ido ver e, pior, que se tinha gostado.

Mas eu gostei, mesmo apesar de, na altura, ainda não ser cool gostar do Jeff Bridges, porque, lá está, na altura ele ainda não era o "Dude" nem o Baker Boy . Há pessoas para quem os actores só se tornam bons depois de fazerem filmes com realizadores intelectualóides. Eu, que não sou dessas frescuras, já gostava do Jeff Bridges (e sim, também adorei o Starman).

 

Comprei a edição especial do DVD comemorativa do 20º aniversário, e não alimento muita expectativa em relação ao remake que estão a fazer neste momento. Lá está. Só tem um cheirinho de Jeff Bridges, e tem tudo para se tornar num festival de CGI. Não gosto de festivais de CGI, prefiro, de longe, boas histórias (por isso é que o Avatar, viu-se, mas não entusiasmou).

 

Seja como for, para as novas gerações, é preciso elevar a fasquia, não os obrigar a pensar muito, encher-lhes os olhos com efeitos especiais que desafiam as leis da física e não só, e gastar mais milhões, porque os filmes também vendem pelo dinheiro que custaram.

 

Fiquem com o trailer mais recente.

 

 

 

 

Quem deve pagar a crise são os Chico-espertos

Jonasnuts, 11.03.10

Uma das primeiras palavras de ordem de que me lembro, de miúda, é "os ricos que paguem a crise". Nos últimos dias tenho ouvido com mais frequência "a classe média que pague a crise". E está mal. Quem tem de pagar a crise são os chico-espertos, sejam eles ricos, classe média, remediados ou pobres.

 

Eu explico. Quem tem de pagar a crise é o caramelo que em vez de se pré-reformar negoceia com a empresa uma saída (com indemnização), e depois vai receber o subsídio de desemprego, enquanto espera pelo prazo da reforma. Este gajo vai a entrevistas de emprego (que não quer), porque a isso é obrigado pelo centro de emprego. Não só anda a chular o estado (portanto, nós todos), como anda a fazer perder o tempo a recursos que deveriam estar ocupados com coisas mais produtivas e construtivas.

 

Quem tem de pagar a crise é a cabra que tem o exacto número de filhos que lhe garanta a subsistência com base no abono de família e de outros incentivos à natalidade, enquanto o marido (marido não, que se forem casados o esquema não funciona), o "pai dos filhos" usufrui do rendimento mínimo. E não fazem um boi, porque não querem.

 

Quem tem de pagar a crise é a senhora que é fraca dos nervos, e que está de baixa há 10 anos (enquanto vai fazendo a sua vidinha de reformada), e que no dia em que se pode reformar, deixa o trabalho (onde não ia há 10 anos e onde provavelmente já não a conhecem nem se lembram dela) e reforma-se e continua a fazer a mesma vidinha.

 

Quem tem de pagar a crise é o gajo que manda fechar a varanda e que paga em dinheiro, sem recibo, para ser mais barato, sem IVA.

 

Quem tem de pagar a crise é a besta que recebe dinheiro através de manigâncias e engenharias financeiras, para que os rendimentos não sejam apanhados no "radar".

 

Quem tem de pagar a crise é o gajo que recebe uma pipa de massa, mas como é dono da empresa, declara o salário mínimo.

 

E os exemplos podiam continuar, o português é um povo de chico-espertos, cheio de recursos, desenrascados, e eu tenho para mim que deviam ser estes a pagar a crise.

 

Não deviam ser os tansos que fazem a coisa não só de acordo com as regras, mas de acordo com a sua consciência.

 

E não me venham com as tretas das generalizações. Há-de haver muita gente a receber o rendimento mínimo que precisa de facto dele, e por cada exemplo negativo que dei, hão-de existir muitos no sentido inverso, mas a verdade é que toda a gente conhece casos deste tipo, que estão tão generalizados que já nem se estranham.

 

Mas, como sempre. quem vai pagar a crise, são os tansos. Os da mama, vão continuar a mamar.