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Jonasnuts

Jonasnuts

Ao contrário também deve ser bom

Jonasnuts, 18.09.08

Sabem aqueles mails irritantes, com animações de gatinhos com óculos e bebés dentro de meias? Detesto. Nunca os abro, e a família já sabe disso. Por isso, se a família me manda uma mensagem de mail daquelas que não tem a ver connosco, nem com a escola, nem com os putos, nem com a organização do próximo jantar ou festa de aniversário, sabemos que a coisa até pode ser gira (continuo sem perceber porque é que me dá mais jeito escrever no plural, quando falo de mim, mas também não me vou debruçar sobre isso, agora).

 

Rebobinando, mails, giros, da família. Chegou há bocado um, da minha irmã Nika (sim, com K, que esta luta dura há 30 anos, não era agora que eu ia capitular). E é giro. E provavelmente já toda a gente conhece, e eu sou a única que ainda não tinha visto.

 

Dizem que é do Woody Allen, mas não é, é do Charlie Chaplin, e é assim:

 

"Na minha próxima vida quero vivê-la de trás para a frente. Começar morto para despachar logo esse assunto. Depois acordar num lar de idosos e sentir-me melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a pensão e começar a trabalhar, receber logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar 40 anos até ser novo o suficiente para gozar a reforma. Divertir-me, embebedar-me e ser de uma forma geral promíscuo, e depois estar pronto para o liceu. Em seguida a primária, fica-se criança e brinca-se. Não temos responsabilidades e ficamos um bébé até nascermos. Por fim, passamos 9 meses a flutuar num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quartos à descrição e um quarto maior de dia para dia e depois Voila! Acaba como um orgasmo! I rest my case."

Caro Pai Natal

Jonasnuts, 18.09.08

Eu sei que parece precoce, embora todos os anos a época da publicidade natalícia comece cada vez mais cedo. Pelo sim pelo não, aqui fica registado o meu pedido.

 

Aconteça o que acontecer, sejam quais forem os pedidos que recebas nas cartas do meu filho, NÃO te passe pela cabeça oferecer-lhe isto:

 

 

E quem diz isto, diz qualquer outro dispositivo móvel de comunicações. Pretendo manter a minha sanidade mental (e orçamental) durante mais uns tempinhos. Não tenho presa nenhuma na entrada do puto no maravilhoso mundo dos telemóveis e dos SMS, muito pelo contrário, pretendo adiar esse momento até ao limite dos limites (Estás a ouvir, mãe?).

 

Muito agradecida.

 


O meu filho já não escreve cartas, já sabe que o destinatário é outro, e na realidade, este post é para a minha mãe.

Delegado de propaganda de material escolar

Jonasnuts, 18.09.08

Ontem foi a minha vez de ir comprar o material escolar para este início de aulas. Assim de repente, Continente nunca mais. Não seria a minha primeira opção para comprar o material escolar, mas à hora a que pude fazer estas compras e aqui nas redondezas, era o que havia. O Continente estava vazio, 90% das pessoas estavam concentradas naqueles dois meios corredores.

 

2 meios corredores. Estreitos. Atafulhados de pais, criancinhas, listas, carrinhos, cestos. Tudo amontoado como se fossem abutres, à cata da borracha que satisfizesse os critérios do professor e os gostos da criança.

 

Fruto da proximidade obrigatória (amontoados é uma palavra que se aplica), ouvíamos as conversas uns dos outros. Ao meu lado, a mãe dizia, mas o professor não quer essa marca, e a filha dizia, mas eu gosto desta borracha. Eu sou cusca, e não me acanho nestas situações. Viro-me para a mãe e pergunto, os professores pedem marcas específicas?

A mão olhou-me como se eu fosse atrasada mental, ou extraterrestre, ou ambas as duas(*). Sim, e  por acaso este ano pedem todos a mesma marca, no ano passado tive de comprar 3 borrachas iguais, mas de marcas diferentes. Sorri, agradeci a informação e fui-me embora.

 

Mas fiquei a pensar no assunto. O que é que faz um professor preferir uma borracha de uma determinada marca? Uma borracha é uma borracha. Desde que apague (e parece-me que todas as borrachas do mercado, apagam), não vejo quais são as características diferenciadoras.

 

Enquanto escolhia os legumes continuei a pensar nas borrachas, e nas marcas pedidas explicitamente por alguns professores. E descobri.

 

À semelhança dos delegados de propaganda médica, que "sensibilizam" os médicos dando-lhes a conhecer as características de um determinado fármaco, para que os médicos passem a receitar mais vezes esse medicamento, existem agora os delegados de propaganda de material escolar. Abancam à porta das escolas, esperam pacientemente que o professor tenha disponibilidade, e quando este chega, mostram-lhe as borrachinhas, os lápis, os esquadros, as réguas, e as esferográficas. Convencem os professores, com as características do material, e com uns incentivos simpáticos.

 

A indústria do material escolar ainda movimenta menos milhões que a indústria farmacêutica (atenção ao ainda). Assim, não se podem justificar viagens a destinos exóticos, para os professores, mas já deve haver alguma coisa a este nível.

 

Parece-me a mim, que alguns professores se estão a afiambrar a um fim-de-semana romântico, para dois, na pensão Tiroliro, ali ao pé de Coina.