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Jonasnuts

Jonasnuts

Feira do Livro

Jonasnuts, 15.05.08

Tenho acompanhado a novela da Feira do Livro de Lisboa aqui.

 

Não é segredo, mesmo para quem, como eu, não pertence ao meio dos editores e livreiros, que a Feira do Livro de há uns anos para cá tem tido uma organização instável e volátil. Do ponto de vista do consumidor final (que sou eu) isso tem-se visto na estagnação dos programas, e nas animações sempre muito pindéricas, e na manutenção daqueles caixotes horríveis que são os mesmos (ou parecidos) desde que me lembro. E desde que me lembro que as pessoas que trabalham nos caixotes (ou muito quentes ou muito frios) não dão jeito nenhum, não funcionam.

 

Há uma tradição, na família. Dia da Criança é dia de feira do livro. Os meus pais levavam-me lá quando eu era miúda, e eu tenho esforçado por levar lá o meu, agora que me toca a mim pagar as contas.

 

Chateia-me que por causa de uns senhores que dão o dito por não dito, e que fazem acordos mas porque não estão escritos afinal não valem, e porque querem ser mais que os outros, e são, são mais areia para a engrenagem, chateia-me que por causa destes gajos, a coisa esteja cada vez pior.

 

Gosto de algumas ideias alternativas que têm sido apresentadas. E até acho que seriam muitíssimo interessantes (actividades durante um período de tempo pré-definido em todas as livrarias do país, por exemplo), mas essas ideias seriam um bom COMPLEMENTO e não uma alternativa.

 

Meus senhores, se for preciso, peço à professora do meu filho de 10 anos para intermediar os vossos diferendos. Ela é que está habituada a lidar com birras de miúdos de 10 anos.

 

Grow-up.

A minha pediatra

Jonasnuts, 15.05.08

Sou altamente despreocupada com a minha saúde, detesto médicos, medicamentos e salas de espera, marcações e demais parafernália associada ao negócio da saúde. Só mesmo quando tem de ser e, felizmente, é raro, ter de ser.

 

Com a saúde do meu filho, não direi que sou o oposto, porque não sou radical, mas sou extraordinariamente cuidadosa e meticulosa. E sou assim desde o início.

 

Tal como na maior parte das coisas importantes, escolhi criteriosamente a pediatra do meu filho. Antes dele nascer. Sim, grávida, marquei consultas em 3 pediatras diferentes, todos eles recomendados por várias amigas. Tinha perguntas, para as quais queria respostas antes do puto nascer. Chama-se a isto uma consulta pré-natal, e é prática comum em muitos países europeus. Por cá, ainda não. Eu não queria correr o risco de chegar com o puto para a primeira consulta, e não gostar do médico.

 

Lá fui às 3 consultas. Recebi reacções diferentes. Em dois deles o espanto de "o que é que está aqui a fazer?", depois de olharem para a minha barriga. No terceiro (aliás, terceira), um sorriso, e um "toda a gente deveria fazer o mesmo. Tem uma lista de perguntas? Vamos a elas".

 

Só isto poderia ter servido para tomar logo a decisão. Mas não foi só isto. Resposta concisa às minhas perguntas, sem floreados, sem "dar à luz", sem "o principezinho" sem os arabescos de que tantas mães gostam. Categórica em algumas questões, menos categórica noutras onde me dizia que era como me desse mais jeito. Número de telemóvel logo ali (que por sinal nunca usei).

 

Adorei o estilo, e a forma como me explicou as coisas, e como ao longo destes anos não se limitou a receitar os medicamentos e está a andar. Explicou-me sempre tudo, e as causas, e os efeitos, e tudo. Sem paneleirices.

 

Em 10 anos vi-a algumas vezes. No início uma vez por mês, depois consultas mais espaçadas. O puto é ultra saudável, fiz as rotinas e pouco mais.

 

Fui lá na 2ª feira, depois de uma longa ausência, e a consulta foi toda feita com ele, para ele, na conversa com ele, comigo só troca de olhares, para confirmação do que ele dizia. O puto estava irreconhecível. Habitualmente calado e tímido, falava pelos cotovelos, dizia piadolas, passava modelos, representava, despiu-se sem problemas, enfim, a antítese do habitual. Deve sentir-se bem, ali.

 

Quando amigas grávidas me perguntam, nem hesito. Digo-lhes, marquem uma consulta pré-natal com esta senhora.

 

 

Chama-se Beatriz Uva.

(des)Acordo ortográfico

Jonasnuts, 13.05.08

Quem ainda não ouviu falar desta petição, anda desatento, e serão poucos, mas pelo sim pelo não, e porque a União faz a Força, e mais uns slogans do estilo, aqui fica o link para ler e assinar (se for o caso) o MANIFESTO EM DEFESA DA LÍNGUA PORTUGUESA CONTRA O ACORDO ORTOGRÁFICO.

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 Sim, eu assinei.

 

 

Mãe: este é dos que se podem assinar, e indicar o número de BI e o mail e aquelas coisas que lá pedem.

Os bonzinhos

Jonasnuts, 13.05.08

Eu sei que tenho mau-feitio. Mas, descobri, mais do que ter mau-feitio, fazem-me confusão os bonzinhos. Não sei, há uma espécie de aura à sua volta, e está sempre tudo bem, e é sempre tudo fantástico, e inspirador, e maravilhoso e nunca partem a loiça, e nunca acham que nada esteja mal, ou, se está mal, encolhem os ombros e dizem que as coisas são mesmo assim, há que aprender a viver com elas, e muita paz e muito amor, e coiso e tal.

 

Faz-me confusão e, sobretudo, irrita-me solenemente um daqueles posts sobre uma conferência qualquer em que o autor refere que a coisa foi "inspiring" (ah, sim, normalmente são bonzinhos em inglês), "truly amazing", "the speaker is a genius" e a organização era "gifted". E quanto mais conhecido for o orador maiores são as hipérboles. É sempre muito bom, excelente, magnífico, inspirador, inesquecível, and so on, and so on, and so on.

 

Pá, para ser tudo isso, eu teria que estar a assitir na primeira fila à última ceia.

Bobby McFerrin - Ontem no Coliseu

Jonasnuts, 13.05.08

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Sou fanzoca (fica o disclaimer). Há muito tempo, mas principalmente desde que me deram a conhecer o Hush, aí há uns 15 anos.

 

Ontem era um concerto obrigatório. Lá fui, finalmente, ver um concerto de um gajo de quem eu gosto.

 

A minha irmã arranjou bilhetes de borla. E vejam só como a minha família me conhece bem, ela e os amigos ficaram numa fila, e depois um bilhetito para mim, afastada do grupo. Conhece-me bem, a minha irmã. São poucas as pessoas que aguentam um espectáculo ao meu lado (mando calar quem fala, e coisas assim).

 

Fui mais cedo, o que contraria a tradição de chegar sempre em cima da hora. Saí do parque de estacionamento e dirigi-me lentamente para o Coliseu. De repente sai-me um Oh! da boca para fora. Um grupo de 3 homens caminhava no sentido oposto..... cruzámo-nos. O do meio era o Bobby McFerrin. Portanto, a menos de uma hora de começar o espectáculo, o gajo andava ali a passear. Conjecturei. Iria beber umas cervejolas para aquecer a voz? Ia para o Metro tentar fazer uns trocos? Não sei onde ia, mas foi muito esquisito cruzar-me com o gajo que ia ver actuar dali a pouco.

 

O concerto começou alguns minutos depois da hora marcada. Uma cadeira em palco. Entra o gajo, com a mesma roupa com que o tinha visto passar há menos de uma hora. Calças de ganga e t-shirt. Muito bom. Nada de atavios nem de folestrias, estamos ali é por causa da música, e não por causa do guarda-roupa.

 

Glu-glu-glu chinca-chinca-chinca, e passam-se as 3 primeiras músicas e, apesar dos agradecimentos efusivos, nem bom dia nem boa tarde nem boa noite. Nada de parlapié com o público. O meu nariz estava a ficar torcido.

 

Mas eis que começa a coisa...... a parte em que ele nos conduz, e consegue que um Coliseu quase cheio faça e cante exactamente o que ele quer, quando quer. E o resultado final é bom, muito bom, pelo menos soa bem.  E vem para o meio do público, e canta com algumas pessoas do público. Teria sido giro se tivesse subido um bocadinho mais e tivesse posto o microfone à frente da Maria João, a do Jazz, que por lá estava, mais tarde fez o gosto ao dedo, quando subiram uma catrefada deles para o palco (eram para ser 12, mas depois acabaram por ser mais).

 

Mas, a mim, o que me partiu toda foi que o filho da mãe puta repetiu ali a cena de Leipzig. Ele fez os glu-glu-glu do Ave Maria de Bach, enquanto nós cantávamos (?) a melodia que no original é tocada pelo violoncelo do Yo-Yo Ma. Ali ao pé de mim só eu e uma senhora que estava atrás de mim é que sabíamos a coisa (eu não sei a letra, mas sei as voltinhas todas), mas o som da sala a cantar com ele um dos meus temas favoritos de todo o sempre foi arrasador.

 

Curioso, como nestas alturas nos lembramos de pessoas que não conhecemos. Lembrei-me do autor deste Blog. Teria ficado tão surpreendido como eu, pelo facto das pessoas conhecerem bem a melodia do Ave Maria? É que não se tratava de um concerto de música clássica. Ok, este é um dos temas universais, que ultrapassa o género a que pertence, e esta versão está no álbum mais vendido de Bobby McFerrin, mas mesmo assim.

 

Defeitos? (esta é especial para ti maninha). Só o facto de não haver merchandising. Compro sempre t-shirts dos concertos a que vou. São mais as vezes que há que as que não há. Não consegui de Jane Monheit, nem de Tindersticks (mandei vir depois) nem de Nitin Sawhney (mas essas nem oferecidas que se fossem tão más como o concerto, nem para esfregar o chão).

 

Ontem não havia. Assim de repente, é o defeito de que me lembro. (Há online, já estou a tratar do assunto).

 

Não foi perfeito, prefiro sempre ambientes mais pequenos, e estar lá à frente (não me estou a queixar maninha, agradeço muito os bilhetes), e aquele início meio frio deixou-me ansiosa, mas gostei muito. Se houvesse outro espectáculo hoje, ia outra vez :)

 

Para os que não conhecem a cena de Leipzig, fica o vídeo. Não foi assim, ontem (não chove no Coliseu), mas foi parecido, e foi muito bom.

 

 

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