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Jonasnuts

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O português é bipolar

Jonasnuts, 18.04.08
Antes de mais, o disclaimer. Eu sei que as generalizações são redutoras e perigosas.

Este post nasce de um outro post que aqui coloquei há bocado, e que privatizei pouco depois.
Trata-se de um vídeo de uma brincadeira, filmada aqui no SAPO, durante a manhã de hoje.

O vídeo mostrava um combate violento de luta greco-romana entre o Celso e um rato (rato de computador, entenda-se), mas sem a parte dos fatos típicos daquele desporto, o que é pena. O rato esteve por momentos em vantagem, mas o Celso acaba por levar a melhor.

Coloquei o vídeo, porque, de facto, tinha imensa piada, e eu ri-me à gargalhada, e queria partilhar a boa disposição. Achei que toda a gente entenderia que se tratava de uma brincadeira. Tenho visto imensos vídeos de brincadeiras feitas noutras empresas, estrangeiras, e achei normal que, numa empresa jovem e divertida como é o SAPO, houvesse o mesmo tipo de brincadeiras que pudessem ser partilhadas com pessoas fora da empresa.

Aparentemente enganei-me. Os dois comentários que surgiram foram de pessoas que claramente não perceberam a brincadeira. Não sei se o facto de eu ter privatizado o post significa falta de fé nos outros que pudessem vir a ver o vídeo, mas paciência. Não era eu que estava no vídeo. Se fosse eu, o vídeo ainda aqui estava.

E aqui vamos à vaca fria. Ouço constantemente queixas de que as empresas portuguesas são cinzentas, pouco humanizadas, pouco divertidas e optam por uma comunicação demasiado formal. Trabalhando onde trabalho, ouço estas críticas com mais frequência ainda. Mas os portugueses têm dois pesos e duas medidas, que resulta de uma baixíssima auto-estima, e de um complexo qualquer de inferioridade face ao que "vem lá de fora".

Um vídeo de um gajo que trabalha no Gogle a dar um traque é um sucesso absoluto no Youtube. E toda a gente fala do vídeo, e ahhh que giro, os gajos dos Google dão uns traques muito bem dados. Os mesmos gajos são capazes de olhar para um vídeo semelhante, mas feito em Portugal e dizer "que traque de merda", sem que o "merda" se refira a substâncias adicionais expelidas em simultâneo com o traque.

Porquê senhores? Porquê continuar e persistir nessa ideia de que "o que vem lá de fora" é sempre bom, e que o se faz cá dentro é uma merda?

Porque é que o crédito de boa vontade, de humor e de inteligência é sempre maior se se tratar de algo estrangeiro?

Como dizia ele há bocado, o que é português é mau, até prova em contrário, e o que vem de fora é excelente, mesmo que dê provas de ser uma merda.


Que coisa mais pobrezinha mora longe!

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