Estamos no bom caminho
Jonasnuts, 01.03.08
Quem anda nestas coisas de serviços online há algum tempo sabe que não se consegue agradar a Gregos e a Troianos. Haverá sempre quem não goste do nosso serviço, haverá sempre quem não goste de nós (seja por razões objectivas seja por razões subjectivas). Faz parte. A mim ainda me custa um bocadinho, quando alguém não gosta do meu serviço por razões subjectivas (não, gosto, prontos, não tenho de explicar, não sei porquê, mas não gosto). Custa-me cada vez menos que me digam, não gosto do "teu" serviço porque é uma merda, ok, este gajo está irritado com qualquer coisa e descarrega aqui, no prob. As que dizem, não gosto do "teu" serviço porque tu és estúpida (substituir a gosto por, burra, palerma, puta, cabra, etc.), nunca me custaram, essas sempre entraram a 100 e saíram a 200.
Mas, sabemos que chegámos a um patamar de excelência quando:
1 - Existe um movimento contra nós.
2 - As críticas são feitas num tom elevado, e muitíssimo bem escritas.
Entre "o seu serviço é uma merda" e "o seu serviço parece o dejecto de um rato tuberculoso e anémico, pelo que não me apraz utilizá-lo, podendo V. Exa. introduzi-lo em qualquer orifício onde melhor a satisfaça" prefiro a segunda. Têm o mesmo efeito, mas a segunda diverte-me mais.
É portanto com a satisfação do dever cumprido que transcrevo aqui uma crítica apaixonada, inspirada pelo fabuloso Manifesto Anti-Dantas de Almada Negreiros, que alguém deixou nos comentário deste post (não deixou só este, portanto passem por lá, leiam o resto da prosa).
"Basta pum basta!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Sapo é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o Sapo, morra! Pim!
Uma geração com um Sapo a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um Sapo ao leme é uma canoa em seco!
O Sapo é um cigano!
O Sapo é meio cigano!
O Sapo saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!
O Sapo pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!
O Sapo é um habilidoso!
O Sapo veste-se mal!
O Sapo usa ceroulas de malha!
O Sapo especula e inocula os concubinos!a
O Sapo é Sapo!
O Sapo é Júlio!
Morra o Sapo, morra! Pim!
O Sapo fez uma soror Mariana que tanto o podia ser como a soror Inês ou a Inês de Castro, ou a Leonor Teles, ou o Mestre d'Avis, ou a Dona Constança, ou a Nau Catrineta, ou a Maria Rapaz!
E o Sapo teve claque! E o Sapo teve palmas! E o Sapo agradeceu!
O Sapo é um ciganão!
Não é preciso ir pró Rossio pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!
Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta escrever como o Sapo! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser Sapo!
Morra o Sapo, morra! Pim!
O Sapo nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!
O Sapo é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!
O Sapo é um soneto dele-próprio!
O Sapo em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.
O Sapo nu é horroroso!
O Sapo cheira mal da boca!
Morra o Sapo, morra! Pim!
O Sapo é o escárnio da consciência!
Se o Sapo é português eu quero ser espanhol!
O Sapo é a vergonha da intelectualidade portuguesa!
O Sapo é a meta da decadência mental!
E ainda há quem não core quando diz admirar o Sapo!
E ainda há quem lhe estenda a mão!
E quem lhe lave a roupa!
E quem tenha dó do Sapo!
E ainda há quem duvide que o Sapo não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!
Vocês não sabem quem é a soror Mariana do Sapo? Eu vou-lhes contar:
A princípio, por cartazes, entrevistas e outras preparações com as quais nada temos que ver, pensei tratar-se de soror Mariana Alcoforado a pseudo autora daquelas cartas francesas que dois ilustres senhores desta terra não descansaram enquanto não estragaram pra português, quando subiu o pano também não fui capaz de distinguir porque era noite muito escura e só depois de meio acto é que descobri que era de madrugada porque o bispo de Beja disse que tinha estado à espera do nascer do Sol!
A Mariana vem descendo uma escada estreitíssima mas não vem só, traz também o Chamilly que eu não cheguei a ver, ouvindo apenas uma voz muito conhecida aqui na Brasileira do Chiado. Pouco depois o bispo de Beja é que me disse que ele trazia calções vermelhos.
A Mariana e o Chamilly estão sozinhos em cena, e às escuras, dando a entender perfeitamente que fizeram indecências no quarto. Depois o Chamilly, completamente satisfeito, despede-se e salta pela janela com grande mágoa da freira lacrimosa. E ainda hoje os turistas têm ocasião de observar as grades arrombadas da janela do quinto andar do Convento da Conceição de Beja na Rua do Touro, por onde se diz que fugiu o célebre capitão de cavalos em Paris e dentista em Lisboa.
A Mariana que é histérica começa a chorar desatinadamente nos braços da sua confidente e excelente pau de cabeleira soror Inês.
Vêm descendo pla dita estreitíssima escada, várias Marianas, todas iguais e de candeias acesas, menos uma que usa óculos e bengala e ainda toda curvada prá frente o que quer dizer que é abadessa.
E seria até uma excelente personificação das bruxas de Goya se quando falasse não tivesse aquela voz tão fresca e maviosa da Tia Felicidade da vizinha do lado. E reparando nos dois vultos interroga espaçadamente com cadência, austeridade e imensa falta de corda... Quem está aí?... E de candeias apagadas?
(...)"
Mas, sabemos que chegámos a um patamar de excelência quando:
1 - Existe um movimento contra nós.
2 - As críticas são feitas num tom elevado, e muitíssimo bem escritas.
Entre "o seu serviço é uma merda" e "o seu serviço parece o dejecto de um rato tuberculoso e anémico, pelo que não me apraz utilizá-lo, podendo V. Exa. introduzi-lo em qualquer orifício onde melhor a satisfaça" prefiro a segunda. Têm o mesmo efeito, mas a segunda diverte-me mais.
É portanto com a satisfação do dever cumprido que transcrevo aqui uma crítica apaixonada, inspirada pelo fabuloso Manifesto Anti-Dantas de Almada Negreiros, que alguém deixou nos comentário deste post (não deixou só este, portanto passem por lá, leiam o resto da prosa).
"Basta pum basta!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Sapo é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o Sapo, morra! Pim!
Uma geração com um Sapo a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um Sapo ao leme é uma canoa em seco!
O Sapo é um cigano!
O Sapo é meio cigano!
O Sapo saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!
O Sapo pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!
O Sapo é um habilidoso!
O Sapo veste-se mal!
O Sapo usa ceroulas de malha!
O Sapo especula e inocula os concubinos!a
O Sapo é Sapo!
O Sapo é Júlio!
Morra o Sapo, morra! Pim!
O Sapo fez uma soror Mariana que tanto o podia ser como a soror Inês ou a Inês de Castro, ou a Leonor Teles, ou o Mestre d'Avis, ou a Dona Constança, ou a Nau Catrineta, ou a Maria Rapaz!
E o Sapo teve claque! E o Sapo teve palmas! E o Sapo agradeceu!
O Sapo é um ciganão!
Não é preciso ir pró Rossio pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!
Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta escrever como o Sapo! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser Sapo!
Morra o Sapo, morra! Pim!
O Sapo nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!
O Sapo é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!
O Sapo é um soneto dele-próprio!
O Sapo em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.
O Sapo nu é horroroso!
O Sapo cheira mal da boca!
Morra o Sapo, morra! Pim!
O Sapo é o escárnio da consciência!
Se o Sapo é português eu quero ser espanhol!
O Sapo é a vergonha da intelectualidade portuguesa!
O Sapo é a meta da decadência mental!
E ainda há quem não core quando diz admirar o Sapo!
E ainda há quem lhe estenda a mão!
E quem lhe lave a roupa!
E quem tenha dó do Sapo!
E ainda há quem duvide que o Sapo não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!
Vocês não sabem quem é a soror Mariana do Sapo? Eu vou-lhes contar:
A princípio, por cartazes, entrevistas e outras preparações com as quais nada temos que ver, pensei tratar-se de soror Mariana Alcoforado a pseudo autora daquelas cartas francesas que dois ilustres senhores desta terra não descansaram enquanto não estragaram pra português, quando subiu o pano também não fui capaz de distinguir porque era noite muito escura e só depois de meio acto é que descobri que era de madrugada porque o bispo de Beja disse que tinha estado à espera do nascer do Sol!
A Mariana vem descendo uma escada estreitíssima mas não vem só, traz também o Chamilly que eu não cheguei a ver, ouvindo apenas uma voz muito conhecida aqui na Brasileira do Chiado. Pouco depois o bispo de Beja é que me disse que ele trazia calções vermelhos.
A Mariana e o Chamilly estão sozinhos em cena, e às escuras, dando a entender perfeitamente que fizeram indecências no quarto. Depois o Chamilly, completamente satisfeito, despede-se e salta pela janela com grande mágoa da freira lacrimosa. E ainda hoje os turistas têm ocasião de observar as grades arrombadas da janela do quinto andar do Convento da Conceição de Beja na Rua do Touro, por onde se diz que fugiu o célebre capitão de cavalos em Paris e dentista em Lisboa.
A Mariana que é histérica começa a chorar desatinadamente nos braços da sua confidente e excelente pau de cabeleira soror Inês.
Vêm descendo pla dita estreitíssima escada, várias Marianas, todas iguais e de candeias acesas, menos uma que usa óculos e bengala e ainda toda curvada prá frente o que quer dizer que é abadessa.
E seria até uma excelente personificação das bruxas de Goya se quando falasse não tivesse aquela voz tão fresca e maviosa da Tia Felicidade da vizinha do lado. E reparando nos dois vultos interroga espaçadamente com cadência, austeridade e imensa falta de corda... Quem está aí?... E de candeias apagadas?
(...)"
Fantástico :)