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Jonasnuts

Jonasnuts

Grammar nazi

Jonasnuts, 07.03.16

Sim, sou eu.

 

Não escrevo sem erros. Mas tento. A maioria dos meus erros é constituída por gralhas, embora não todos. 

 

Sempre defendi que, quem, em nome duma empresa, contacta directamente com o público, tem de escrever irrepreensivelmente.

Este meu fundamentalismo nem sempre é compreendido. Normalmente, quem gere equipas de customer care não valoriza a correcção ortográfica, e torce o nariz, quando escrevo na descrição "deve saber escrever sem erros de português, sejam ortográficos, sejam de construção, sejam de concordância, etc.". Das minhas entrevistas, faz parte uma redacção e/ou um ditado. Toda a gente estranha muito. 

 

Há certos erros com que embirro particularmente. A mistura entre o HÁ e o À é uma dessas embirrações. A utilização errada do hífen é outra.

 

Vejo sempre os mails que nos "meus" serviços são trocados com os utilizadores. Para avaliar (e corrigir, se for caso disso) a resposta técnica, e o português.

 

As pessoas primeiro estranham, e depois entranham.

 

Sabe bem, por isso, receber de alguém que trabalhou comigo (e não para mim, como, erradamente, diz) uma imagem reveladora de que o meu radicalismo, ainda que de forma ténue, surte algum efeito, mesmo quando as pessoas já não trabalham comigo :)

 

Ana Sofia.jpg

 

 

Há muito tempo. Sim, com h.

Jonasnuts, 17.10.14

Este post é dedicado à ex-professora de inglês do meu filho.

 

Cara ex-professora de inglês do meu filho,

 

Fico muito satisfeita por poder ali colocar um ex, atrás da palavra professora. Boa viagem, que se faz tarde. Não deixa saudades. Era professora substituta, enquanto não chegava o professor definitivo, que tardou a ser colocado, fruto da Cratinice vigente.

 

Saiba a senhora ex-professora que o meu filho, pouco ou nada falando, é, mesmo assim, um ser pensante.

 

Saiba também a senhora que é ex-professora de inglês do meu filho mas continua a ser professora de filhos dos outros, que tem de aprender a reconhecer os seus erros. E que não pode mascarar a sua ignorância com a autoridade e o ascendente que tem sobre os alunos. A sua relação com os seus alunos não é equilibrada, não há igualdade de circunstâncias. Há uma hierarquia, e a professora está, ou deveria estar, no comando.

 

Se insiste com um aluno em que "há muito tempo" se escreve "à muito tempo" e se o aluno insiste, perante si e perante o resto da turma que aquele há se escreve com h, vá informar-se. 

 

Se está convicta da sua posição, regresse na aula seguinte com o material de apoio que lhe permita ensinar ao aluno e ao resto da turma, a forma correcta de escrever aquele "há", mesmo que isso signifique ter de reconhecer que estava errada, e que o aluno estava certo. Há muito tempo, assim, com h.

 

Estamos mal, quando uma professora do 11º ano (sim, estamos a falar de secundário) não só não sabe distinguir a correcta aplicação do "há" e do "à" e, em cima disso, dá uma descasca no puto, e o apelida de arrogante, por ter usado um tom não compatível com os gostos da professora, na defesa do seu argumento. Azarucho, que o puto tinha tido aquele debate, precisamente, em casa, na véspera.

 

Saiba a senhora ex-professora do meu filho que tem duas sortes. A primeira sorte é o facto do meu filho me ter pedido para não intervir. Respeitarei o pedido do meu filho. A segunda sorte é ter-lhe calhado esse aluno. Se lhe tem calhado a aluna que eu fui há 30 anos, outro galo piaria, e eu não largaria o osso enquanto a senhor ex-professora não assumisse publicamente o seu erro e enquanto não soubesse a diferença entre um há e um à.


Portanto.... já que não posso intervir directamente junto da ex-professora de inglês do meu filho, mas que continua professora de outros, nem junto da escola (vou respeitar o pedido do puto), fica o desabafo.

 

Se por acaso alguma ex-professora de inglês de uma turma do 11º ano por acaso ler isto, e se lembrar de um debate deste tipo com um dos seus ex-alunos, aproveito a oportunidade para lhe dizer o seguinte, numa língua com que estará mais familiarizada: You are an asshole.

A importância da língua

Jonasnuts, 05.02.10

A língua a que me refiro, é aquela que falamos portanto, os que vieram aqui à procura doutras línguas e da sua indubitável importância, desenganem-se desde já. Hoje, falo doutras línguas, mais exactamente da nossa, a que partilhamos com mais uma catrefada de gente, e muito bem.

 

Tenho andado à procura de informação sobre um determinado tema. Uma questão que tem a ver com medicina. Uma terapia. Recomendaram-me que aprofundasse o meu conhecimento sobre esta cena, e eu sou muito bem mandada.

 

Encontro tudo o que quero. Muita, muita informação. Mas tudo em português do Brasil. Não me entendam mal, o português do Brasil é tão bom como o português de Portugal, não tenho cá dessas frescuras de achar que o "nosso" é melhor que o "deles". Mas é diferente. Para mim, o português do Brasil tem aquele ritmo meio cantado, um certo meneio, um ritmo nas ancas que vibra na voz do Chico, ou na letra do Jorge Amado. Adoro.

 

Mas, confesso que o ritmo não é o mesmo quando se trata de informação técnica. Estou a ler, imaginemos, a descrição duma terapia, em português do Brasil, e aquela terapia começa a soar-me meio tropical (o que, de certa forma, anima logo), é saborosa. Por outro lado, carece de veracidade. Vão-me desculpar. Racionalmente sei que não é assim. Mas enquanto leio as coisas lá do cognitivo e do raio que os parta, em português do Brasil, parte do meu cérebro, não consegue levar aquilo a sério.

 

O que é pena, porque há muito mais conteúdos de jeito em português do Brasil do que em português de Portugal. Pelo menos sobre este tema.

Ter medo das palavras

Jonasnuts, 21.03.09

Por causa do vídeo que anda nas bocas do mundo, lembrei-me de vários professores de língua portuguesa que tive ao longo dos tempos. Bons e maus.

 

No 7º ano do ciclo a professora recomendou a leitura do Kurika, a história de um leão, na altura gostei imenso, mas já não me lembro da história. A recomendação da leitura chegou com um aviso. Não leiam da página tantas à página tantas. Parece que era a parte em que o leão descobre o sexo. Obviamente toda a gente foi ler essa parte em primeiro lugar.

 

No 9º ano, para os Lusíadas, leiam, mas saltem o 5º canto. Odiei os Lusíadas, e não li a maior parte, mas o 5º canto marchou todo, em primeiro lugar (já não me lembro de nada, mas sei que foi assim).

 

No 10º ano, a mesma coisa, com Os Maias, lembro-me que havia umas secções que era suposto não lermos. Li tudo, e adorei (ao contrário do resto da turma, que achou uma seca). Já nem me lembro o que é que era suposto não lermos.

 

Eu era muito boa aluna e, por isso, tinha maior atitude por parte dos professores, pelo que me lembro de ter perguntado (em todas as circunstâncias) porque é que não podíamos ler aquelas partes (o que fazia de mim a heroína da turma, do ponto de vista dos meus colegas). Se não eram só palavras? E se a disciplina não era Língua Portuguesa, e se na disciplina em causa não era suposto aprendermos palavras, e se havia palavras de primeira e palavras de segunda. De todas as vezes a resposta foi a mesma: mais tarde compreenderás (penso que é desde aí que embirro solenemente com essa justificação adiada, com base numa hipotética maturidade futura).

 

 

Com o professor que me deu Gil Vicente, a história foi diferente. Lia tudo, quando não nos dizia para sermos nós a ler, alto, durante as aulas e explicava-nos as coisas. Não há que ter medo das palavras. Há palavras que não usamos no dia a dia, mas não é por isso que deixam de existir e podem ser úteis, em certos contextos.

 

Era meio esquisito, este professor, e tinha uma panca mal explicada pela Florbela Espanca, mas perdoávamos-lhe a panca (e as secas que nos dava com a dissecação exaustiva dos poemas da Florbela), porque, de todos, era o que nos compreendia melhor, e não tinha medo das palavras.

 

Não percebo porque é que, ainda hoje, alguns professores não perceberam duas coisas:

1 - As palavras devem ser usadas, todas.

2 - Dizer a um aluno para não fazer algo, é meio caminho andado para que este o faça, rapidamente, e antes de fazer qualquer outra coisa.

Jogos Olímpicos de Mumbai

Jonasnuts, 28.11.08

Irrita-me a ignorância, bom irrita-me muita coisa, mas ignorância é uma delas. Não é a ignorância de quem ainda não aprendeu, é a ignorância de quem tem funções de responsabliidade e deveria já ter aprendido.

 

Caros senhores jornalistas, os Jogos Olímpicos não foram em Beijing, foram em Pequim, que é como em português se diz Beijing.

 

E já agora, os atentados da Índia, foram (estão a ser) em Bombaim, e não em Mumbai.

 

New York é Nova Iorque, e Mozambique é Moçambique. Brasil escreve-se com s e não com z.

 

Aprendam a falar português (e a escrever, já agora), antes de pegarem no microfone ou no teclado, e começarem, com o ar de entidade superior, a (des)informar a malta.

 

Ao menos finjam que não vão copiar as vossas peças à CNN, e ao New York Times.

 

Caburros.