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Jonasnuts

Jonasnuts

"Debates"

Jonasnuts, 08.01.21

Não vejo debates. Já não vejo debates. Acompanho, no Twitter e confirmo sempre a minha decisão no fim. Irritar-me-ia muito ver os debates. Da mesma forma que me irritava quando via o Prós & Contras (motivo pelo qual deixei de ver o Prós & Contras muitos anos antes deste ter terminado, com a óbvia exceção daquele em que participei).

 

Porque os debates não servem para aquilo que deviam servir; esclarecer as pessoas quanto às ideias dos candidatos. Não é isso que acontece. Traulitada, punchlines, sounbites, batatada, tudo para ver "quem ganha". Nunca sei quem ganha, mas tenho a certeza sobre quem perde. Perde tempo quem vê e perde quem tem nestes debates a única forma de saber o que pensam os candidatos.

 

Porque é que os debates são uma valente cagada? Porque fazer debates como deve ser dá uma trabalheira desgraçada e as televisões não estão para isso. Não estou sequer convencida de que ainda tenham competências suficientes para o fazer como deve ser.

 

Utopicamente, os debates deveriam ser assim:

 

 

Sim, eu sei, isto é lírico, e não há nenhum sítio do mundo onde isto aconteça, e provavelmente os candidatos não aceitariam um formato deste género. Mas esta seria a única forma de eu os ver e seria a única forma de serem verdadeiramente úteis a quem deveriam ser úteis; os eleitores.

 

Este ano ainda não vi nenhuma das minhas séries. Se calhar começo com Newsroom, este fim-de-semana.

 

São Nicolau

Jonasnuts, 26.12.12

Não aprofundei o suficiente, porque nem sequer tenho andado por aqui, mas de repente, no Twitter, só oiço falar do Nicolau Santos. Uns são contra, outros são a favor. Ora, eu não conheço muito bem o Nicolau Santos, a não ser pelo facto deste ser figura pública, com quem simpatizo (talvez por causa do laço que lhe dá uma certa panache), mas costumo vê-lo associado a comentários de economia, e não a vigaristas.

 

Fui ver. Ontem, ou coisa que o valha.

 

Vi um pedido de desculpas. Aprofundei ligeiramente. Vão-me desculpar, mas a verdade é que o vígaro do Artur só me entrou pelos olhos adentro ontem. Nem sequer sei os contornos da coisa (e pelo que li, nem eu, nem ninguém).

 

Então, parece que andou por aí um vigarista a enganar meio mundo e mais uns quantos. Parece que agora é fácil identificar a marosca, mas pelos vistos, enquanto ninguém deu pela coisa, não foi assim tão fácil, e foram muitos os que caíram na esparrela.

 

Qual é a diferença entre estes muitos e o Nicolau Santos? A meu ver, a única diferença, é que o Nicolau percebeu o erro, assumiu e pediu desculpas. Sem tretas, sem subterfúgios, sem salamaleques, sem paliativos.

 

Li o comunicado do Nicolau Santos, ontem. Disse-o no Twitter, e mantenho: "e aqui está, como depois de um erro, se mantém a credibilidade. Muito bem."

 

Quando peço credibilidade a um jornal (e caramba, se tenho aqui dito que a credibilidade é algo em que a comunicação social devia investir), não defendo que não se erre. Só quem não trabalha, não erra.

 

Mas acho extraordinariamente saudável que alguém, sobretudo com os anos de carreira que o senhor tem, assuma, admita, peça desculpas e prometa corrigir. Mais pessoas, com mais anos de carreira, fizeram maior cagada, sem nunca o admitir ou pedir desculpas.

 

Há muitos casos de erros clamorosos na comunicação social. E há muitos casos de órgãos de comunicação social que são propositadamente enganados. Mas são lamentavelmente poucos os casos em que assumem o erro e pedem desculpa.

 

A TVI (sim, a própria TVI) fê-lo, no caso Cacharel, e fê-lo em prime-time, por uma das estrelas jornalísticas da estação (é ver o vídeo, a partir do minuto 12). Hey, no melhor pano cai a nódoa, e quando digo melhor pano, refiro-me à MSNBC, à ABC News, ao New York Times, entre outros. E não foi há tanto tempo como isso.

 

Quando um jornalista assume o erro e pede desculpa, na minha perspectiva, isso só o credibiliza. É sinal de que não se vai esquecer.

 

Há mesmo quem saiba de cor as datas das borradas, e lhes assinale as efemérides.

 

Não é para todos, lá está.

 

Só os realmente bons são capazes de fazer isto.

 

Já disparates, isso sim, é para todos.

 

Hoje, para além de gostar do Nicolau Santos por causa do laço, gosto também porque me merece confiança. Olha, é humano, erra como os outros todos, mas ao contrário de muitos (tantos), não se esconde, nem usa analgésicos.

 

Mr. Nicolau, well done, sir.

Os novos abutres

Jonasnuts, 28.02.10

Os novos abutres somos nós.

 

Somos todos os que se colam à televisão para ver um tsunami em directo, enquanto têm no colo o computador para ver as imagens do Chile, e pelo caminho vai-se dando uma espreitadela pela timeline do Twitter para ver como se está a aguentar a Madeira, mas mantemos as os estores recolhidos, para ver se o vendaval afinal chega ou não chega.

 

Mas, acima de tudo, os novos abutres, os mais modernos, os especialistas, são os jornalistas que não conseguem esconder uma nota de desilusão na voz, porque, afinal, o Tsunami pariu um rato.

 

A CNN começou com o Chile, mas aos primeiros avisos de tornado virou as baterias para a linha do horizonte no Hawai, e durante horas, o que se viu foi isso mesmo, a linha do horizonte, enquanto havia relatos, ao centímetro, das águas que recolhiam. Quando se aperceberam que afinal não iam conseguir transmitir em directo o desastre, a destruição, a miséria que esperavam (e que tinham empolado ao máximo), mudaram o discurso para um "felizmente" e regressaram ao Chile.

 

E nós, a papar aquilo tudo.

 

Às vezes, gostava de ser ignorante, e de viver numa terrinha perdida, sem computadores, sem televisão, sem rádio, sem porra nenhuma a não ser os meus.

 

Era, de certeza absoluta, mais feliz.

Caros estagiários de jornalismo

Jonasnuts, 30.09.09

É para vós em especial, esta missiva.

 

Eu sei que sobre os vossos ombros de estagiários recai, muitas vezes, a responsabilidade de jornalistas seniores. Bem sei que, com frequência, não têm o apoio e supervisão que caracterizava há uns anos a posição de estagiário. Estou ciente de que são lançados aos lobos, verdinhos, verdinhos, verdinhos. E vejo que, muitas vezes, ninguém vos corrige ou orienta.

 

 

Por outro lado, vocês, nova geração, não têm consciência do pré-internet. Quando vocês nasceram a Internet já existia. A Internet funciona para vós, como funciona para mim a electricidade. Faz parte, é um dado adquirido. Mas, como a Internet é muito nova, os vossos professores ou não falaram dela, ou falaram mal.

 

 

Portanto...... vocês recebem pouca ou nenhuma formação nesta área, e depois entram no mercado de trabalho como estagiários. É um mercado cada vez mais difícil, há muita oferta de jornalistas e cada vez menos procura e locais de trabalho. E era, antigamente, uma profissão de idealismos e hoje é-o cada vez menos.

 

As coisas hoje querem-se rápidas. E é um compromisso difícil, o vosso. Sou o primeiro a anunciar isto ou confirmo com uma fonte credível? Difícil, difícil, difícil, principalmente se querem mostrar trabalho ou aproveitar a oportunidade para se mostrarem ao chefe (lembra-me o burro do shrek, mas pronto, faz parte).

 

E isto tudo só para uma informação que vos será de grande utilidade:

 

O jornal The Onion é um jornal online, sim, mas é de notícias falsas. E o Daily Show do Jon Stewart é um jornal, sim, mas de notícias falsas (aliás, ambos fazem questão de dizer isso mesmo).

 

Pronto. Esta foi a minha contribuição.

 

Boa tarde, e boa sorte.

 


P.S.: Quero agradecer ao Briefing, o novo agregador do marketing (palavras deles) a inspiração para este post.

 

Jogos Olímpicos de Mumbai

Jonasnuts, 28.11.08

Irrita-me a ignorância, bom irrita-me muita coisa, mas ignorância é uma delas. Não é a ignorância de quem ainda não aprendeu, é a ignorância de quem tem funções de responsabliidade e deveria já ter aprendido.

 

Caros senhores jornalistas, os Jogos Olímpicos não foram em Beijing, foram em Pequim, que é como em português se diz Beijing.

 

E já agora, os atentados da Índia, foram (estão a ser) em Bombaim, e não em Mumbai.

 

New York é Nova Iorque, e Mozambique é Moçambique. Brasil escreve-se com s e não com z.

 

Aprendam a falar português (e a escrever, já agora), antes de pegarem no microfone ou no teclado, e começarem, com o ar de entidade superior, a (des)informar a malta.

 

Ao menos finjam que não vão copiar as vossas peças à CNN, e ao New York Times.

 

Caburros.