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Jonasnuts

Jonasnuts

Atrasos de vida

Jonasnuts, 05.12.17

Track & Trace DHL Parcel.jpg

 

Podia começar este post com um "Querida DHL", mas não começo, porque o problema não só não é novo, como é transversal à indústria.

 

Encomendo uma coisa online. 

 

Consigo saber, no site da transportadora, a que horas é que o senhor do armazém vai à casa de banho fazer xixi. 

Tecnologia de ponta.

 

Mas, o que lhes sobra em tecnologia de ponta por um lado, falta-lhes numa área bastante mais acessível; telecomunicações.

 

Os senhores têm o meu número de telemóvel. Sei que o têm porque está impresso no papelucho que me deixaram na caixa do correio.

 

Mas não usam. Não usam para agendar a entrega nem usam quando batem com o nariz na porta, momento em que eu podia dizer "toquem à vizinha do lado que pode assegurar a entrega". Bang..... problema resolvido, encomenda entregue, cliente satisfeita, tempo poupado.

 

Mas não. Deixam o papelucho e vão à vidinha deles.

 

Ligo de manhã. Sou muito bem atendida por uma senhora muito simpática, que me diz que é verdade. estiveram cá e bateram com o nariz na porta. Que regressam hoje. Óptimo, excelente. A que horas? Pergunto eu. Até às 18h00, responde a senhora.

Oiça, são 10 da manhã. Está a dizer-me que eu vou ter de ficar em casa nas próximas 8 horas porque "é assim que a empresa funciona"?

 

Sim.

 

É extraordinário que em pleno século XXI ainda haja este desperdício de recursos e esta assunção de que, num dia útil, haja gente em casa.

 

Alguém me consegue explicar a lógica deste procedimento (que não é exclusivo da DHL e que sempre me encanitou (auto-link))?

O que disse a senhora Merkel, não se diz

Jonasnuts, 06.11.14

Por outro lado, a senhora Merkel não disse aquilo que tentaram fazer-nos crer que ela disse.

 

Vamos por partes. Não nutro especial simpatia pela senhora Merkel. Também não nutro especial simpatia pela grande maioria dos Órgãos de Comunicação Social tradicionais portugueses, ou de qualquer outra nacionalidade.

 

Anteontem não se falava de outra coisa. Fomos mesmo bombardeados com as alegadas afirmações da senhora por órgãos de comunicação social que costumam tentar distanciar-se de outros, enfim, mais useiros e vezeiros nestas matérias.

 

Houve mesmo um ministro que respondeu às alegadas afirmações da senhora. Crato, who else.

 

Nas redes sociais (Twitter e Facebook) foi uma festa. Só comentários indignados, e outros pior ainda. Eu própria comecei por embarcar na coisa.


Mas depois parei para pensar e fui atrás.

Todos citavam a Lusa e Bloomberg. A Lusa referia a Bloomberg. Na Bloomberg, nada. Órgãos de comunicação social espanhóis? Nada. Imprensa internacional? Nada.

 

Eu conseguia encontrar várias notícias sobre o discurso da senhora, mas referências a Portugal e Espanha? Nada.

 

Recorro ao Twitter e ao Facebook. Pergunto. Alguém sabe? Pessoas a viver na Alemanha? Nada. No Luxemburgo. Em Espanha. Em França. Ninguém conseguia encontrar nada.

E eu queria contexto. 

 

E finalmente chega-me o contexto e o enquadramento de que eu precisava, e que me devia ter sido dado pelos órgãos de comunicação social. E chegou-me através da Helena Ferro de Gouveia que deixou um comentário num post que a Helena Araújo escreveu no Facebook.

 

O que a senhora disse foi (adaptado da tradução da Helena Ferro de Gouveia):

 

“Eu peço a todos vocês para tornarem claro nos vossos discursos em escolas e perante jovens: a formação profissional é um excelente pré-requisito para levar uma vida de prosperidade. Não tem necessariamente que se ter tirado um curso superior. Isto é muito, muito importante. Faremos tudo o que estiver no nosso poder, também a OCDE, que nos fornece muitos números úteis que afirmam que não é uma “descida” social, que o filho ou a filha de um trabalhador qualificado complete uma formação como trabalhador qualificado novamente e, de seguida, se torne num bom técnico. Internacionalmente reconhece-se que não é uma “descida” e que isto não significa que o sistema de educação tenha fracassado. Temos que abandonar a ideia de que o ensino superior é o Nonplusultra para uma carreira bem sucedida. De outra forma não poderemos provar a países como Espanha e Portugal, que têm demasiados licenciados e procuram hoje vias de formação profissional, que isso é bom”.

Ora, isto é muito diferente de "Merkel diz que Portugal tem demasiados licenciados". Isto é um "temos, nós próprios, de tomar consciência disto, porque senão não temos moral para dizê-lo aos portugueses e aos espanhóis".

 

Eu não estou a dizer que concordo (o sistema educativo alemão a mim parece-me extraordinariamente estranho), não estou a dizer que a senhora tem razão, e acho que ela está muito mal informada em relação ao número de licenciados portugueses. Não é esse o meu ponto.

O meu ponto é que alguém pegou nisto, subverteu, baralhou, descontextualizou e distribuiu. E quem está no meio da cadeia, devia ter recebido, e devia ter ido atrás. E verificado. E dado contexto. E feito aquilo que eu acho que é o trabalho jornalístico de base. Deviam ter-se informado, para informar. Pelo contrário, desinformaram.

 

E ganharam o quê? Mais cliques. Sem dúvida. Não frequento, mas estou certa de que o número de comentários a esta "notícia" ultrapassou a média habitual.

 

Os nossos órgãos de comunicação social estão a trabalhar para o agora, sprintam. Não estão a trabalhar para o futuro, na construção duma imagem de seriedade e de credibilidade. Pelo contrário, os poucos que ainda têm essa réstia de credibilidade estão a delapidá-la vertiginosamente. Ganham no sprint, mas perdem na maratona.

 

A mim já me tinham perdido, como consumidora habitual há muito tempo. Sou uma mera consumidora pontual, online. E, pelo acima descrito, cada vez menos.

 

Não percebo a estratégia de degradar qualidade e passar a cobrar os acessos (pay per view). É ao contrário senhores. O pay per view só funciona quando a credibilidade e a seriedade são inatacáveis E quando não há alternativa. 

 

Junte-se a isto o que por aí vem de quererem receber para serem indexados no Google (é um caminho que os espanhóis estão adoptar, é uma questão de tempo até chegar cá, caminho, por sinal, já encetado e entretanto arrepiado pelos alemães) e temos o quê?

 

Uma indústria moribunda, sem respostas e sem ideias, que não se sabe adaptar os seus modelos de negócio a novas plataformas e que há-de ir ao fundo.

 

Não faz mal, pelo caminho hão-de pressionar os pressionáveis para que estes criem uma taxa sobre o papel higiénico (auto-link), porque lhes faz concorrência. É uma receita com provas (quase) dadas.

 

 

Edição posterior: O Marco deixou nos comentários um link para um caso exactamente igual, passado há relativamente pouco tempo. 

Galambagate (take 2)

Jonasnuts, 22.11.13

Confesso que quando fiz um pequeno apontamento humorístico acerca deste tema (auto-link) achei que a coisa não tinha pernas para andar, de tão ridícula que era, e é.

 

No entanto, como acontece com mais regularidade do que aquela que gostaria, enganei-me. Lá está, não há limite para a estupidez humana. É um dos meus mantras e mesmo assim, por paradoxal que pareça, um dos que mais dificuldade tenho em interiorizar, nestas coisas mais mundanas.

 

Do princípio....

 

Há quase 1 mês, o deputado João Galamba, na sua conta de Twitter @joaogalamba, faz um tweet.

tweet (1).jpg

Ontem, noticia a Exame informática, que a FEVIP (Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais) emite um comunicado na sequência deste tweet. Eu começaria por dizer que em tempo de reacção, a FEVIP é claramente do tempo da pedra lascada. Até por snail mail a reacção teria sido mais célere. Se calhar tiveram de ir ver o que essa coisa do Twitter ou mesmo das Internetes.

 

E estes senhores da FEVIP comunicaram que achavam mal que um deputado pedisse um link, em público (presumo que em privado já não houvesse qualquer problema, são, portanto apologistas e adeptos das virtudes públicas e dos vícios privados), demonstrando uma "... falta de respeito que o senhor deputado tem pela propriedade intelectual e para com os setores que representam mais de 2% do PIB e cujos atores económicos ajudam na empregabilidade e desenvolvimento da economia do próprio país".

 

Hoje chegam uns primos da FEVIT, a ACAPOR (Associação do Comércio Audiovisual de Obras Culturais e de Entretenimento de Portugal), que também emite um comunicado. E escala o tom. Pede, numa carta (aberta, claro) que o deputado renuncie ao mandato, manifestando "... o seu profundo desagrado com o comportamento do Sr. Deputado na rede social Twitter, em concreto com o seu pedido à comunidade que lhe facultasse um link com a transmissão não autorizada do jogo entre o FC Porto e o Sporting CP."

 

Há mais primos nesta família, e, ou muito me engano, ou eles aí aparecerão, a seu tempo. É o que dá, os casamentos consanguíneos. Tem pai que é primo.

 

Esclareçamos primeiro as coisas do ponto de vista do enunciado, e sejamos rigorosos ao detalhe.

 

Nada, no tweet de João Galamba, indica que esteja a ser pedido um link para uma transmissão ilegal. É pedido um link. Se os senhores primos assumem à partida que se trata de um pedido para um link ilegal (que é coisa que não existe - já lá vamos), isso diz mais de quem assume e presume tal coisa do que sobre quem faz o pedido original.

 

Há transmissões de jogos autorizadas e algumas até oficiais, como os primos deveriam saber, se fizessem bem o seu trabalho de comércio e promoção de obras audiovisuais. E se fizessem o seu trabalho de forma excelente, mais transmissões desse tipo haveria.

 

Do ponto de vista formal, da legalidade da coisa, há outro detalhe importante. Quando é transmitido, sem autorização, um qualquer evento, quem está a cometer a ilegalidade, não é quem consome, mas sim quem transmite. Os primos sabem disto, mas para mandarem ondas de choque para a comunicação social (que come e cala) chega-lhes a ignorância alastrada.

 

Quando estamos a ver um jogo de futebol num café, ou num centro comercial, vamos pedir aos responsáveis pelo espaço que nos mostrem o documento que os autoriza a fazer a transmissão? Não. Sentamo-nos e olhamos para o ecrã. Se a transmissão é ilegal, quem está a ver, não está a cometer qualquer crime, quem está a cometer o crime é quem assegura a transmissão.

 

E gosto muito de ver, aqueles que odeiam João Galamba (seja lá qual for o motivo, não é relevante), a caírem que nem patinhos, e a deixarem-se manipular (e a tentar manipular terceiros, através ou da sua ignorância ou do seu dolo), e cair na esparrela de alardear a sua ignorância, aproveitando a boleia dos primos, para ataques ao deputado.

 

Odeiem o deputado, mas por favor, sejam mais discretos acerca da vossa monumental ignorância. Assim toda a gente fica a saber que os vossos pais são primos (e que não correu bem).

 

Santa pachorra.

Olho por olho...

Jonasnuts, 28.01.08
Quando uma empresa onde trabalham centenas de pessoas, sabendo da entrada em vigor da nova lei que proíbe fumar em espaços de trabalho, não tenta criar as condições para que os seus trabalhadores que fumam possam fazê-lo, dentro da lei, está a pedi-las.

Quando a primeira coisa que essa empresa faz, assim que sai a lei, é mandar pôr fechaduras nas portas que dão acesso aos terraços, está a pedi-las.

Quando os mesmos fundamentalistas que põem fechaduras nas portas do terraço alegam motivos de segurança, estão a pedi-las.

Depois queixam-se de que cheira a fumo, por aí.

Senhores da segurança do edifício, se querem ser realmente eficazes, em vez de andarem a pôr fechaduras nas portas dos terraços (e foram, tão solícitos e rápidos, ao contrário do que é habitual), podiam por exemplo descobrir onde é que pára o último monitor a desaparecer de um gabinete.

Kodak strikes yet once again

Jonasnuts, 21.01.08
Os antiguinhos deste Blog sabem que eu tenho em vigor um boicote pessoal a tudo o que são produtos e serviços da Kodak há já algum tempo. Quem tiver pachorra, pode ir ver a coisa aqui, aqui, aqui e aqui.

Há já muito tempo que não escrevia sobre a Kodak, e eles devem ter saudades, porque me enviaram um mail. É uma mensagem que devem ter enviado a milhares de pessoas, portanto vou publicá-lo.

"Lembrete de Aviso aos Consumidores Informação ao Consumidor sobre os Adaptadores de Corrente das Molduras Digitais da Kodak

A Kodak, como medida de precaução, coloca ao conhecimento dos consumidores que poderia existir um problema potencial com o adaptador de corrente europeu fornecido juntamente com as molduras digitais da empresa. Esta advertência refere-se unicamente aos cabos das molduras digitais concebidas para utilização na Europa continental (excluindo Reino Unido e Irlanda), África e Oriente Médio.

Um número reduzido de utilizadores detectou que as fichas do adaptador de corrente se soltaram do adaptador ao desligar o cabo da tomada de corrente, podendo vir a ocasionar um possível risco de descarga eléctrica. Os utilizadores que observem que as fichas não se encontram firmemente presas ao adaptador deverão tomar as medidas de precaução necessárias e desligar o dispositivo da corrente. Tendo a segurança e a satisfação do consumidor como sua primeira prioridade, a Kodak está a recomendar aos consumidores que nos contactem para a obtenção de um adaptador de corrente gratuito.

Informa-se os consumidores que todos os adaptadores de corrente fornecidos com as Molduras Digitais Kodak desde o princípio de Dezembro são identificados com um autocolante verde, certificando a ausência de defeitos e a segurança da sua utilização.

Para mais informações ou para solicitar um novo adaptador, os utilizadores deverão aceder à seguinte página web www.kodak.com/go/notice ou entrar em contacto com o Serviço de Atendimento ao Consumidor através do telefone 21 415 4125 ou do seguinte endereço de correio eletrónico: devices@support.kodak.com"

Pronto. Em mais de dois anos evoluiram....... zero.
O português que usam continua a ser mau, a geografia conseguiu piorar (europa continental excluindo Reino Unido e Irlanda) e, cereja no topo do bolo.....liguem para o número que eles indicam, vá, liguem.

Aparece a mesma gravação, em espanhol :)

Apre que são burros e, mais grave ainda, persistentes na burrice.

Kodak? Não, obrigada.