Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Jonasnuts

Jonasnuts

O erro de George Orwell

Jonasnuts, 04.02.09

Já lá vão uns anos valentes desde que li o 1984, mas penso que me lembro do essencial, para me permitir o título do post.

 

E afirmo que Orwell se enganou na sua previsão. Não há nenhuma entidade que nos registe e nos imponha determinadas regras, que siga os nossos passos, que nos tolha os movimentos. Não há, mas vai haver, e seremos nós os seus criadores.

 

Somos nós quem, de livre e espontânea vontade registamos os nossos dados, publicamos a nossa geografia e os nossos passos, identificamos os nossos amigos e respectivo grau de conhecimento ou parentesco. O que fazemos, com quem fazemos, quando fazemos e, muitas vezes, como fazemos. E fazemo-lo por iniciativa própria. Porque é giro, e em alguns casos prático, ou porque nos dão algo em troca. Usamos o cartão de débito e o de crédito, a via verde, encomendamos coisas online, damos a nossa morada para participar em concursos, blogamos, facebookamos, twittamos, flickramos, tagamos conteúdos, youtubamos, usamos o GPS e agora, até googlelatitudamos. Achamos que por ser nossa a iniciativa, e não duma entidade central e controladora, a coisa é menos perigosa ou menos intrusiva.

 

Mas não é. Não é preciso ser um génio para centralizar estes dados que, de forma absolutamente pública, vamos espalhando por aí, à espera que alguém os agarre. Confiamos sempre na boa vontade, e nos princípios das pessoas e das empresas a quem abrimos, assim, as portas das nossas casas (e casas aqui é no sentido lato da coisa). Somos no mínimo burros, no máximo, inconscientes.

 

Duma forma mais ou menos sistematizada, os dados já aí estão, à espera que um big brother em potência se lembre de os explorar. O Google é um óptimo candidato a big brother.

 

Agora que o homejacking está tão na moda (no meu tempo chamavam-se assaltos), quero ver quando é que aparece o primeiro caso em que o ladrão confessa ter sabido da ausência dos donos da casa por ter consultado o Google Latitude.

 

Aí vai ser um ai Jesus, um ver se te avias.

 

A minha pergunta é simples. Quando chegar esse momento, ainda será possível fazermos marcha atrás?

 

Creio que não.