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Jonasnuts

Jonasnuts

Como da ignorância nasce a arrogância

Jonasnuts, 02.12.09

Então a história toda, mais coisa menos coisa. O Tribunal solicita a uma empresa que não tem nada a ver com o assunto, a identificação do autor de um Blog do Blogspot. A empresa intimada  responde que não tem a informação e que terão de a solicitar a quem de direito. O Tribunal responde que sim senhor, que solicitará, mas que mantém a intimação para que uma representante do empresa erradamente intimada vá a tribunal, como testemunha, para esclarecimentos genéricos sobre Blogs.

 

A representante da empresa errada desloca-se a Almeirim, e são-lhe colocadas várias questões, pelo colectivo de juízes, pela advogada de defesa e pela delegada do ministério público (e cada questão mais idiota que a primeira, mas pronto, isso é o menos).

 

A todas as perguntas a resposta foi, à semelhança do que já tinha sido comunicado ao tribunal, blogspot, blogspot, blogspot, blogspot, não sei, não conheço a estrutura de redes do blogspot, não faço ideia, blogspot, blogspot, blogspot.

 

No final, um "pode ir à sua vida" (sic), nem desculpe, nem obrigado nem porra nenhuma.

 

A isto, muitos podem chamar a justiça portuguesa a funcionar, eu chamo-lhe abuso de poder.

 

Disclaimer e teaser

Jonasnuts, 28.11.09

Já o disse aqui antes, mas de vez em quando, convém reforçar.

 

Este é o meu blog pessoal, representa (parte d') a minha opinião pessoal. Não é endossado pela empresa onde trabalho, nem as minhas opiniões são necessariamente partilhadas pela empresa (provavelmente não são mesmo, em alguns casos). Ao expor aqui aquilo que penso não estou a falar em nome da empresa onde trabalho. Só para que as coisas fiquem absolutamente claras e transparentes.

 

Como se sabe, depois de um disclaimer, vem sempre qualquer coisita mais apetitosa, e este post não é excepção, pelo menos na minha opinião.

 

Como isto mete tribunais e coisas assim, vamos manter a coisa na base do hipotético um grande "supônhamos".

 

Vamos todos imaginar que numa empresa que tem uma plataforma de Blogs é recebida uma intimação de um tribunal, solicitando a identificação do autor ou autores de um Blog que, por acaso, está alojado na concorrência. Não é inédito, é até bastante frequente (suponho).

 

A empresa intimada, diligentemente informa o Sr. Dr. Juiz que a questão terá de ser colocada a quem de facto aloja o Blog, e, colaborando com a justiça, até faz o favor de identificar o nome da empresa que deverá ser intimada.

 

Esperar-se-ia que o tribunal agradecesse a informação e procedesse à intimação da tal empresa que de facto aloja o Blog, certo?

 

Errado. Isso era o que aconteceria se a coisa funcionasse bem.

 

Neste caco, o Tribunal agradece a informação, mas mantém a convocatória, porque quer que alguém da empresa que não tem nada a ver com o assunto  lhes vá lá explicar o que é um blog e como é que funciona a coisa.

 

A empresa em causa poderá responder, enviando um link para uma página onde está tudo explicado, mas parece que não serve, porque mantêm a intenção de ouvir a testemunha.

 

 

Então, a empresa intimada, que não tem nada a ver com o assunto, nomeia uma pessoa para se deslocar ao tribunal, que fica a mais de 100 Km, para que o Tribunal possa ser informado acerca dos Blogs. Claro que esta pessoa até percebe umas coisas de Blogs, e sabe como é que funciona o sistema da empresa para que trabalha, mas não faz ideia de quais são os processos de armazenamento de dados da concorrência. Mas vai. Porque é obrigada.

 

Isto dava um filme, certo?

 

A sequela estreia no dia 2, em Almeirim.

Descobertas

Jonasnuts, 25.10.09

Descobri na 6ª feira que um processo de investigação ficou parado 4 meses, porque a senhora magistrada não percebeu os elementos enviados, e quis que a técnica explicasse porque que é que não tinham sido enviados os elementos solicitados (foram, ela é que não percebeu).

 

Entre notificações entregues depois da data e novas convocatórias para 3 meses mais tarde, foram 4 meses de paragem, com uma merda que se tinha resolvido em 30 segundos, pelo telefone.

 

Ainda querem que o povinho tenha fé na justiça portuguesa? Só mesmo aos muito crentes é que ainda resta fé.

 

Eu? Eu tenho pena.

Ensitel (take 6)

Jonasnuts, 22.05.09

Então cá vamos nós.

 

Recapitulando para quem apenas agora apanha o comboio (e isto é a versão muito condensada).

 

Comprei um telemóvel na Ensitel. Passada uma semana o telemóvel avaria. Vou à Ensitel para que seja trocado por um novo (de acordo com as condições do contrato), o equipamento é avaliado pelos senhores da loja, é dado como bom para troca, mas não há o mesmo equipamento em stock na grande Lisboa. Sou encaminhada para a Nokia, onde me dizem que tenho direito a um equipamento novo, na Ensitel. Regresso à Ensitel, exponho o caso, o telemóvel é, de novo, avaliado como bom para troca, mas não há stock, portanto recusam-se a receber o equipamento (pela segunda vez). Solicito a resolução do contrato (e a devolução do dinheiro) e de repente, miraculosamente, aparece um telemóvel em stock, na zona de Lisboa. Dirijo-me à loja onde o telemóvel fica reservado em meu nome, para a troca, e os senhores da Ensitel descobrem no meu telemóvel, que até ao momento tinha sido avaliado como estando em excelentes condições, um risco no écran (porra nenhuma, o telemóvel não está riscado no écran). Regresso à loja de origem, e nessa viagem de regresso risca-se a tampa da bateria (sim, o risco minúsculo da tampa da bateria existe de facto, ao contrário do do écran). Na loja de origem não vêem qualquer risco no écran, mas como agora tem um risco na tampa da bateria não trocam.

 

Depois de muita correspondência trocada, e depois de metido o centro de arbitragem de conflitos de consumo de Lisboa ao barulho, houve ontem um julgamento.

 

E o que é que o senhor doutor juiz decide? O juiz decide ignorar todas as tentativas de entrega do equipamento "não interessa as condições em que estava o equipamento quando o tentou entregar nem da primeira nem da segunda vez", mas ó senhor doutor juiz, o telemóvel foi dado como bom, para troca, pela Ensitel de todas as vezes, e eles recusaram-se a aceitar o equipamento - isso não interessa para nada, a senhora devia era ter recusado a recusa da Ensitel. Ainda estou para saber como é que eu recusava a recusa. Deixava o telemóvel em cima do balcão e vinha-me embora?

 

Verdade seja dita que assim que entrei na salinha e olhei para o juiz, pensei como os meus próprios botões "estou fodida". Fruto certamente de preconceitos relacionados com a idade do senhor, e com a postura que adoptou desde o início.

 

No final o senhor ordenou-me que entregasse o telemóvel à Ensitel para que esta o reparasse ao que eu respondi, com todo o respeito Sr. Dr. Juiz, nem que a vaca tussa eu reato qualquer contacto com a Ensitel. Ah, mas perde a garantia. Não, não perco, porque vou mandar o telemóvel para a Nokia, e quem me garante o equipamento é o fabricante e não o vendedor.

 

No fundo o que o 3º poder fez foi dizer à Ensitel "sim senhor, os senhores podem fazer gato sapato do consumidor, e podem recusar-se a receber equipamento em condições, e podem deixar de cumprir os vossos compromissos". E a mim, consumidora, o que me disse foi "minha senhora, aqui, você é o mexilhão, e não venha à procura de justiça, que não é no tribunal que a vai encontrar".  Na sentença (da qual terei uma cópia um dia destes) na descrição do problema, optou até por não incluir as várias tentativas de devolução do equipamento. Pura e simplesmente não as referiu, mas não se esqueceu de referir que a reclamante "confessa" que o equipamento apresenta um risco na tampa da bateria. Na altura do ditado da sentença eu já não estava nem aí e enviava sms à família, mas não pude conter uma gargalhada quando ele omite o que acha irrelevante e de seguida usa a palavra "confessa".

 

Tenho várias opções. Posso recorrer. Mas tendo em conta que o telemóvel foi comprado em Fevereiro e este processo burocrático já vai em 3 meses, chateia-me não estar a usá-lo. Vou pô-lo a reparar na Nokia e vou usá-lo.

 

Várias coisas aconteceram durante este processo que ficou concluído ontem. A Ensitel, mais do que perder uma cliente, ganhou uma inimiga, e há um pássaro brasileiro chamado cácalharás. E a justiça portuguesa ganhou mais uma descrente no sistema. Não que faça muita mossa, assim como assim a justiça portuguesa já soma uma razoável seita de descrentes, serei apenas mais uma. Aprendi também que nestas coisas de relacionamento com empresas, não se pode facilitar. Quando os senhores descobrem miraculosamente que afinal há um telemóvel em stock, eu devia ter-me borrifado para o milagre, e devia ter optado pelo dinheiro.

 

Se há coisa que me tire do sério é sentir-me injustiçada. Sentimentos de injustiça e de impotência são dos que mais me deixam fora de mim. Podia usar a lei a meu favor e, ao abrigo desta, irritar solenemente a Ensitel, mas não irei por aí. Há outros caminhos e, apesar de não querer canalizar a minha energia de forma negativa, nem querer fazer disto um cavalo de batalha, há aquele bocadinho de mim que está cheio de vontade de fazer umas contas, de recolher uns dados estatísticos e depois, já que o 3º poder não funciona, recorrer ao 4º e ao 5º.

 

Não é a última vez que escrevo aqui sobre a Ensitel. E isto não é uma ameaça, é uma promessa.

 

 

(Veja também Ensitel take 1, Ensitel take 2, Ensitel take 3, Ensitel take 4, Ensitel take 5)