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Jonasnuts

Jonasnuts

Vamos a um grande "supônhamos"

Jonasnuts, 12.12.08

Atenção que este post vai MESMO precisar da vossa imaginação.

 

Vamos imaginar que eu sou "um grupo de investigadoras" do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho que está a desenvolver um estudo para caracterizar os blogueres do Minho, de forma a perceber quem está na blogosfera e quais as suas motivações.".

 

(Claro que quem me conhece sabe que eu nunca teria uma curiosidade tão redutora, e, mesmo que isso acontecesse, nunca me passaria pela cabeça escrever blogueres. Denota, no mínimo, desconhecimento básico sobre o que pretendo estudar, mas pronto.)

 

Depois, parece que mudo de ideias, e afinal o que eu quero mesmo saber é quem e quais são "As vozes femininas na Blogosfera: um olhar sobre a realidade do Minho".

 

Epá, isto é muita gente, mesmo assim. Deixa lá ver como é que eu reduzo isto.

 

O que é que eu faço?

 

Pego em mim e vou a um blog que conheço, chamado Avenida Central, e faço o estudo com base exclusiva nesse Blog.

 

Deixa-me lá recolher os contactos disponibilizados por quem comentou neste Blog (em 53 posts), e deixa-me lá ir a uma das Blogrolls do Avenida Central.

 

Ah, está muito melhor, assim reduzimos a coisa a 153 mails. Deixa lá mandar um questionário aos donos destes mails. Destes 153, há 88 que respondem validamente.

 

Pronto. está feito o trabalho de campo, vamos lá trabalhar nos resultados.

 

Sim senhor, isto permitiu-nos chegar aqui a umas conclusões sumarentas. Mais, permitiu-nos até colocar algumas questões pertinentes. Mas antes vamos às considerações finais (que em linguagem corrente se chama disclaimer) :

 

"Apesar das potencialidades que a blogosfera apresenta para a afirmação das vozes femininas, uma vez que este é um mecanismo de auto-edição, ainda se verifica um baixo nível de participações das mulheres a nível regional.


O ponto de partida para esta análise é um blogue de um homem, com um forte pendor de intervenção regional, o que poderá deixar de fora do blogroll do 'Avenida Central' os bloques com outros centros de interesse, onde eventualmente a presença feminina seja mais numerosa"

 

Elas deve ser mais bebés, bordados e culinária, que isto da intervenção regional é areia demais para a camioneta das senhoras, como se sabe.

 

Então, agora que despachei o disclaimer, bora lá às perguntas filosóficas:

 

"Será que as mulheres estão afastadas da blogosfera ou alguns blogues assinados por homens conseguem maior destaque, mesmo nos meios de comunicação tradicionais, criando a ideia de que elas são menos activas no ciberespaço?"

 

(Agora já não são as mulheres frequentadoras do Avenida Central ou que constem de uma das suas Blogrolls e que tenham respondido ao questionário, de repente são as mulheres, como um todo, que se calhar estão afastadas da blogosfera, e que recebem menos atenção que os homens).

 

 

"Será que os blogues de mulheres se concentram, de facto, em determinadas áreas tradicionalmente conotadas com a esfera feminina ou são os espaços dedicados a outras temáticas que não são (re)conhecidos?"


"Será correcto falar de blogues femininos e masculinos? Porque é que muitas escondem a sua "verdadeira identidade" sob a capa de nicknames?"

 

(Muitas? Quantas? Quem? Quais?)

 

"Será que a blogosfera está a funcionar como um mecanismo de reprodução dos esterótipos que foram sedimentados durante séculos? Ou podemos encarar os Blogues como ferramentas que estão a operar uma mudança social?"

 


Já está suficientemente profundo? Já. Então onde é que eu posso apresentar a "investigação" à  comunidade? Parece que vai haver um encontro de Blogs na Católica, se calhar não era mal pensado. Vou lá, eu, as investigadoras? Sim.

 

Opá, parece que na Católica apareceram uns caramelos quaisquer com umas questões complicadas, será que devemos rever as nossas conclusões, ou, pelo menos, a forma como as comunicamos?

 

Nah, eles não percebem nada sobre o assunto, uma é uma palerma qualquer dos Blogs da SAPO, o outro é um jornalista especializado nesta área de Internet e comunidades. Não percebem nada disto, afinal de contas eu é que sou a investigadora.

 

Vou ao I Congresso Nacional de Ciberjornalismo apresentar isto, em grande?

 

Bora.

 

Pronto, acabou o exercício de imaginação. E agora vou ser má. Desafiei-vos a imaginação, e dei-vos essa trabalheira de imaginar o inimaginável, e afinal de contas, nem era preciso. Está tudo aqui, num blog muito oportunamente chamado Um olhar sobre a Blogosfera.

 

Pelo amor de Deus..... estamos a falar de um universo de 88 pessoas.

 

Apresentar resultados do tipo:

 

"Grande parte dos bloggers inquiridos tem entre 26 e 40 anos (45,9%), é licenciado (40,7%) ou frequenta o ensino superior (30,2%), estando a maioria em situação activa."

 

Ou é falacioso ou idiota. Escolham uma delas.

 

Já na altura do encontro da Católica tinha havido um sururu aqui que depois continuou aqui, e durante a tarde de hoje dei com esta reacção.

 

E depois admiram-se que "a palavra tenha sido negada durante séculos às mulheres"

 

 

Sabem que mais, senhoras investigadoras? Vão para a cozinha. Ou isso ou crochet.

Campanha Galp - Um novo significado

Jonasnuts, 31.05.08

É impressão minha, ou desde que o preço dos combustíveis começou a disparar em flecha, este spot da Galp adquire um significado muito diferente (mas também muito mais apropriado)?

 

Já toda a gente percebeu porque é que a camioneta da selecção é "movida a energia positiva" certo? A outra energia está demasiado cara.

 

 

 

 

(Link do vídeo)

 

 

 

Cristiano Ronaldo diz poesia

Jonasnuts, 20.04.08
É o que dá, ter e televisão a fazer música de fundo, sintonizada na RTP1.

Um spot publicitário, da RTP e do Modelo (?), sobre a selecção e o orgulho e essas coisas.

O texto pretende ser poético, heróico, inspirador. Se calhar, dito por alguém que saiba da poda, safava-se, talvez o Mário Viegas ou o Ary dos Santos conseguissem fazer passar a coisa, não sei (mas a esta hora estão a dar voltas na cova só de verem os seus nomes aqui no meio disto).

Mas ouvir o Cristiano Ronaldo a falar em "gérações", e com as palavras a atropelarem-se e com uma dicção horrorosa, arrepia. E não é um arrepio dos bons. Não me refiro ao sotaque. Há muitos sotaques, e não acho que os posts tenham sempre de usar o sotaque lisboeta, que é o meu, refiro mesmo ao facto do senhor não saber falar, não sabe dizer as palavras.

O senhor até pode ser muito bom a jogar football (eu não aprecio o estilo bailinho da Madeira), mas qualquer pessoa que não seja surda percebe que quando abre a boca, a coisa não corre bem.

Porque é que houve alguém que achou que um texto heróico e poético ia ficar bem, dito pelo Cristiano Ronaldo?

Brincar aos clássicos

Jonasnuts, 08.04.08
Eu já trabalhei em publicidade, eu sei como funciona a coisa. O cliente dá um briefing que está, teoricamente, alavancado numa estratégia de marketing, e numa determinada mensagem que se quer transmitir ao target. O contacto leva para a agência e passa aos criativos, que depois apresentam uma proposta, e por aí fora.

Também há as modas. Houve uma altura em que estavam na moda os spots slides of life, e tudo quanto era produto tinha campanhas deste género. Também houve a fase efeitos especiais, a fase modelos boazonas e a fase da galhofa, em que se tenta um pós packshot com uma piadola twist.

Ok, faz parte, precisamente porque é difícil fazer boa publicidade é que apenas os melhores vão ganhar prémios a Cannes.

Não percebo é de que agência/cliente/dupla de criativos terá saído a brilhante ideia de lançar uma nova moda, a moda de brincar aos clássicos.

Primeiro foi um supermercado qualquer que pegou no Chico Fininho, adulterou-lhe a letra para algo de inenarrável e toca de torpedear a malta com o "novo" jingle, e agora é um banco qualquer, que decidiu fazer a mesma coisa com o Anzol.

Presumo que tenham feito tudo direitinho e obtido as autorizações dos autores, e, espero ardentemente que tenham pago um fortuna mas, isso não invalida que:
1 - Os autores das obras se tenham abastardado, e tenham aceite este acordo.
2 - Os departamentos de marketing dos anunciantes estão a precisar de ideias novas.
3 - Os publicitários que propuseram tal campanha estão a precisar de se reformarem.

Idiotas? Eu adoro idiotas. Tenho imensos amigos idiotas.

Jonasnuts, 19.01.08
Se esta nova lei dos cigarrinhos serviu indirectamente para alguma coisa, foi para criar, pelo menos em mim, uma indisfarçável animosidade em relação às pessoas que agora passam por um fumador, que se encontra a fumar um cigarro, na rua, no cumprimento da lei, e olham com um arzinho de bem-feita, grande mula, que andaste a poluir os pulmões de pobres indefesos ao longo dos anos. Agora fumas à chuva e ao frio, que é para veres o que é bom para a tosse. Ora, o que é bom para a tosse já eu sei, tendo em conta que fumo, seus estúpidos.

Também me custa ver o arzinho comprometido de alguns fumadores envergonhados, que escondem o cigarro, e que disfarçam, tentam fazer passar a coisa como fumo social, isto não é vício, eu deixava de fumar já amanhã se quisesse. Um pouco mais de personalidade, seus conhos.

Lamento imenso, mas todo e qualquer ar sobranceiro que me dirijam enquanto eu estiver a fumar um cigarro, seja lá onde for, leva de volta um ar de "queres ir lá para fora resolver o assunto?". Dou-te uma tareia, não digo com uma mão atrás das costas, mas pelo menos, com o cigarro no canto da boca. Normalmente encolhem-se e remetem-se à sua insignificância de onde nunca deviam ter saído. Se gostam assim tanto de ver os outros a cumprir a lei, que vão depressa declarar às finanças o dinheiro que andam a receber pela porta do cavalo, por fazerem uns recados ao senhor engenheiro, quando em simultâneo recebem o cheque do fundo de desemprego. Pobres, de finanças e de espírito.

Alonguei-me numa direcção diferente da original. Que se lixe. Em blogs mandam as regras que os posts sejam pequenos, mas como já repararam, eu gosto pouco de ser mandada.

Então hoje, numa das minhas descidas à rua para fumar um cigarro, sozinha, oiço de raspão uma conversa entre dois caramelos que passam por mim. Perguntava um, mas o que é que tu tens contra os gays? Respondia o outro, eu não tenho nada contra os gays, até tenho imensos amigos gay..... e depois foram-se, demasiado longe do alcance do meu ouvido que, informo, é de tísica.

Sempre me fez espécie esta afirmação que as pessoas atiram, como que para se defenderem de uma qualquer acusação. Racista? Eu não sou racista. Até tenho amigos de cor (quando dizem "de cor" está tudo lixado, pelo menos se a conversa for comigo, mas isso fica para outro dia).

Com a sexualidade é a mesma coisa. Homofóbico? Eu? Nem pensar. Eu até tenho amigos gay.

Interessante, esta coisa de terem de se justificar com pretensas amizades. Eu tenho poucos amigos, bons, mas poucos. E salvo raras excepções, não sei, nem me interessa a sua orientação sexual. Quero lá saber se gosta de homens, se gosta de mulheres, se gosta de cães de gatos ou de ovelhas. Não é a sexualidade de outro que define ou condiciona a minha amizade.

É semelhante a outra, que também ouvi hoje (ou ontem). Mas tu gostas assim tanto do Freddie Mercury? Não sabias que ele era gay?

O que me leva ao título do post.

Idiotas? Eu adoro idiotas. Tenho imensos amigos idiotas.