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Jonasnuts

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A Voz

Jonasnuts, 10.12.08

A voz é um importante instrumento de comunicação. Qualquer publicitário sabe disto, por isso é que os locucutores não somos todos nós, vulgares mortais, mas aquelas pessoas que têm uma voz que foi feita para falar aos nossos ouvidos.

 

As vozes dos spots de rádio, por maioria de razão, são muito importantes. Não têm qualquer suporte visual. Podem ter música de fundo, podem ter uns efeitos lá por trás, mas tem de estar tudo na voz e na entoação. Não chega ter boa voz. É preciso ser-se um actor ou uma actriz, ter boa dicção. Saber vender. Perceber o briefing. Conheço gente com muito boa voz que não daria um bom locutor. E depois há as super vozes. O Luís Gaspar, o Rui Morrison, o Carlos Duarte. O Zé Ramos tinha uma voz fabulosa.

 

Os locutores profissionais de publicidade tinham (têm?) uma tabela de preços. X se é um spot de televisão, Y se é um spot de rádio, Z se for a locução de um filme institucional. Uma voz de companhia bem feita vale bem o seu preço.

 

Era (é?) um campo onde era difícil entrar. Muitos locutores de rádio tentavam fazer uma perninha na publicidade (que aquilo rende uns trocos valentes), mas não conseguiam.

 

Isto vem a propósito de publicidade. Um spot de rádio que tenho ouvido por estes dias na Comercial.

 

Então, os senhores da Packard Bell tentaram poupar uns trocos nas locuções, e foram fazê-las a Espanha. Com vozes espanholas, de caramelos que acham que conseguem disfarçar o arreganhar assanhado do castelhano. No tempo em que andei pelas publicidades tentaram impingir-me por várias vezes vozes galegas. Eram os senhores da Braun. O galego e o português são muito parecidos, diziam-me. Só se for para o vosso ouvido castelhano, respondia-lhes eu. Nunca passou.

 

Algum produtor com menos tomates não teve pedal para dizer a mesma coisa aos senhores da Packard Bell, e lá teve de engolir a locução num sotaque tão visivelmente castelhano que no fim, quem ouve, tem vontade de dizer, prossupuesto (e o prossupuesto deve ter sido mais baratucho, pois deve).

 

A agência que aceitou aquilo prestou um mau serviço ao sei (teimoso, aposto, e teso) cliente.

 

Senhores da Packard Bell, só há uma pessoa em Portugal a quem nós admitimos o sotaque alarve das vozes do vosso spot de rádio. Chama-se Vasco Lourinho e foi durante muitos anos o correspondente da RTP em Madrid.

 

Ora, uma vez que nenhuma das vozes é deste senhor, ocorre-me dizer-vos que vão à mierda, e mais um bocadinho e ainda vos dizia onde é que podiam meter os Packard Bell.

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