Carneiradas
Gosto pouco de me sentir parte de um rebanho, nunca gostei de carneiradas. Aquelas coisas onde as pessoas se juntam, há dois ou três iluminados (autoproclamados, evidentemente) e o resto da população faz que sim com a cabeça.
É uma estratégia de ass-kissing muito conhecida. Em reuniões de largo espectro, quando um dos chefes fala, o ass kisser (ou ass licker, como já ouvi dizer), abana com a cabeça para cima e para baixo, como se fosse um daqueles cãezinhos que encontramos na cobertura do porta-bagagens. Divertem-me essas pessoas, e adoro vê-las a acenar nas reuniões.
Mas isto tudo para dizer que desde sempre me confundiram as carneiradas. Não pertenci a nenhuma juventude política, nem a nenhum movimento organizado. Colaborei pontualmente com alguns, mas sempre com um objectivo específico que uma vez atingido, terminava a colaboração.
E isto acontece por duas razões. Para já porque gosto de pensar pela minha cabeça, e em segundo lugar porque quando nos juntamos a uma carneirada com determinados objectivos, esses objectivos dificilmente serão comuns a todos. Há sempre quem lá esteja para tentar atingir objectivos muito diferentes dos do resto da carneirada.
Chamem-me desconfiada, mas não acredito em objectivos altruístas num grupo com mais de 5 pessoas. Principalmente se essas pessoas não são familiares.
Ah, mas todos os grupos estão cheios de sacaninhas? Não, mas normalmente bastam dois ou três para minar completamente a coisa.
É por isso que não gosto de carneiradas. Num rebanho, prefiro ser a tresmalhada. A ovelha negra, se preferirem.