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Jonasnuts

Jonasnuts

Como é que a indústria devia funcionar

Jonasnuts, 16.02.12

Refiro-me, evidentemente, à indústria do entretenimento.

 

É simples, e vou usar um exemplo pessoal, acabadinho de ocorrer, para ilustrar a coisa.

 

Vejo um tweet do Enrique Dans, refere o título de um livro, diz que é fundamental, e tem um link, suponho que para o Blog. O título do livro chama-me a atenção. Sigo o link, vou ter ao post. Leio o post do Enrique, pessoa cuja opinião conheço, respeito e valorizo. No post, há um link para a Amazon, para a versão kindle do livro. É da Amazon Espanha, mudo para a Amazon.com e dou rapidamente com o livro. Tem uma review, que consulto. Posso comprar a versão em papel e versão Kindle.

Torço brevemente o nariz ao facto do preço ser exactamente o mesmo para as duas versões.

Compro a versão Kindle. Demora o tempo de 1 clique.

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Na página que me é mostrada, identificando o sucesso da operação, recebo (e confirmo) a indicação de que o livro já está disponível no meu Kindle (sim, o Kindle anda sempre comigo na mala), dão-me também alternativas, posso consumir, de imediato, o conteúdo que acabei de adquirir, no meu browser. Posso ainda informar automaticamente a minha rede de Facebook e Twitter de que acabei de fazer aquela compra. Funciona como recomendação.

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E foi assim, que em menos de 3 minutos eu soube da existência de um livro, vi a recomendação, fui à loja, comprei, já me foi entregue e, se não tiver que fazer à hora do almoço, começo já a ler.

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É tão estupidamente simples, não é?

 

Lamentavelmente, há muitos agentes da indústria que ainda não compreenderam a simplicidade e, mais grave, o potencial destas "novas" plataformas. E como não compreendem, querem que nós lhes paguemos para que eles possam continuar a não compreender, portanto, a não trabalhar.

 

Thank you but no, thank you.

 

Mudem de século. Está-se bem, por aqui.

Caro Tozé Brito, bem-vindo ao debate público sobre o #pl118

Jonasnuts, 14.02.12

Olá,

 

É com muito gosto que te vejo chegar, assumida, pública e pouco anonimamente, ao debate sobre o PL118.

 

Então vamos lá por partes, a ver se eu consigo explicar-te o meu ponto de vista.

 

O teu primeiro erro, é o CD. Como sabes, a indústria a que pertences, tem planos detalhados (e com datas que não estão muito longe do dia de hoje) para abandonar o CD. O CD é do século passado, e são cada vez menos as pessoas que compram CDs. Olha.... eu não compro CDs há uns anos valentes. Sabes porquê? Porque os últimos CDS que comprei, não os conseguia ouvir nos dispositivos de leitura de que dispunha. Rádio do carro, nicles, leitor de CDs do computador, népia. Era o DRM. Foi por causa do DRM que deixei de comprar CDs. Imagine-se, a contradição.

 

Eu não compro um CD (mesmo quando compro o CD), eu não compro plático, o plástico não me serve para nada. Se o suporte fosse em papel, era papel que eu comprava. Ou pedra. É indiferente, os suportes (plástico, vinil, fita) são coisas do passado. O que eu compro é o direito de ouvir um conteúdo a que acedi legalmente. Manifestei o meu desejo de consumir aquele conteúdo, ao comprá-lo. O conteúdo não passa a ser minha propriedade, com certeza que não, mas o seu usufruto, sim. Paguei para dele usufruir. Usufruo.

 

A Lei da Cópia Privada, em vigor desde Setembro de 1998 (portanto, há 13 anos, e meio e não há 14 como referes), serve para compensar um prejuízo que não existe, nem nunca conseguiu ser provado.

 

O usufruto do conteúdo deve estar previsto no preço do conteúdo. Quando compras uma maçã, não pagas uma taxa pelo direito de lhe dares uma trinca, pois não? É a mesma coisa aqui. Cobrem o preço que entenderem, pela venda do direito ao consumo. Repara, nem digo que seja o preço justo, porque isso é subjectivo. Cobrem o preço que quiserem, e deixem que sejam as pessoas a escolher, se querem pagar esse preço ou não.

 

Como é que quantificas a compensação justa? E já agora, és compensado, outra vez, porquê? Eu já comprei a música. Já paguei. Porque é que tenho de pagar outra vez?

 

A revisão da lei da cópia privada assenta num pressuposto errado. Aliás, em mais do que um pressuposto errado. A saber:

1 - Assenta no pressuposto de que deve haver compensação para além daquela que já foi paga no acto de aquisição do conteúdo.

2 - Assenta no pressuposto de que os dispositivos de armazenamento servem, única e exclusivamente para alojar conteúdo protegido por direito de autor e direitos conexos.

 

Ambas as premissas estão erradas. Mesmo que conseguisses provar por A+B que te é devida uma compensação, em função dum suposto prejuízo, não consegues NUNCA provar ou comprovar a segunda. E não consegues porque, mesmo que tenha sido verdade, no passado (e foi-o), neste momento, os grandes produtores de conteúdos não são as indústrias do entretenimento, somos nós, a malta. Com a massificação dos dispositivos de produção de conteúdos digitais (máquinas fotográficas, câmaras de vídeo, telemóveis, etc....), o paradigma alterou-se.

 

Acho muito bem que os milhões de autores que em todo o mundo vivem do seu trabalho e que fazem do trabalho criativo a sua profissão queiram ser compensados. Olha..... a minha mãe toda a vida teve uma profissão dessas. O trabalho criativo foi, desde muito cedo na vida, a sua fonte de rendimento. Compreendo bem este ponto de vista. O que já não compreendo é que esses "milhões" queiram ganhar dinheiro à custa de mais milhões que produzem muito mais conteúdos, que também se medem em bites e bytes, e que usam os mesmos dispositivos de armazenamento. Cada um deve ganhar dinheiro em função do trabalho que produz, não em função do trabalho que os outros produzem.

 

Os preços dos mp3 estão caríssimos, bem sei. Aliás, a indústria a que pertences não hesita em aumentar os preços dos mp3, sempre que encontra justificação para o efeito. É a lei da oferta e da procura.

 

Já os LEITORES de mp3 (coisas diferentes, sabias?), os telemóveis, os computadores e fotocopiadoras como referes, eu acrescento - tablets, discos rígidos, câmaras de vídeo, máquinas fotográficas, e todo e qualquer equipamento que disponha de armazenamento, se este PL118 for aprovado, aumentam, e não é cedo para sabermos quem os paga, aliás, basta:

1 - Ter dois dedos de testa.

2 - Ler o que disse a AGEFE quando foi à Assembleia da República.

 

Pagamos nós. Todos.

 

Subam os preços, justa e ponderadamente, dos conteúdos que vendem, não dos equipamentos que são vendidos por terceiros, e que são usados com objectivos bem diversos dos da cópia privada. E não me lixes com o IVA, cuja inicial I significa Imposto, e que abrange todos, e não apenas alguns. E não me lixes com a taxa da EDP para custear licenças de rádio e de televisão, porque não é a existência duma imbecilidade que justifica a criação de mais imbecilidades.

 

Defendes que, como não há possibilidade de saber quem faz ou não cópias privadas, se taxam universalmente, todos os dispositivos que têm a capacidade de alojar esses conteúdos. Mas eu tenho uma novidade para ti. Há uma forma mais justa e mais precisa de fazeres a coisa. Só faz cópia privada quem adquiriu o conteúdo, certo? Cobra a cópia privada na venda do conteúdo. Inclui, acrescenta o preço da cópia privada ao custo do conteúdo. Não sendo líquido que todos os que compram conteúdos deles queiram fazer cópias privadas, pelo menos é mais justo, porque existe a opção de não comprar.

 

Como vês, não defendo a gratuitidade seja do que for que não queira ser gratuito. Os que querem ser pagos, cobram, os que não querem ser pagos, não cobram. Melhor ainda, os que querem ser pagos, não cobram o trabalho dos que não querem ser pagos.

 

O projecto de lei que defendes é injusto, penaliza muito para usufruto injusto de poucos, por via duma compensação que decorre de um prejuízo que ninguém consegue provar ou comprovar.

 

Reescreve o teu post (ou faz outro), e desta vez, usa como alternativa ao CD, o iTunes, ou a Cloud, para eu ver como é que descalças essa bota.

 

Já agora, o teu autor de eleição, o Chico Buarque, já mudou de século. Muda tu também.

Caros deputados do Grupo de Trabalho que debate o #pl118

Jonasnuts, 11.02.12

Não interessa como, mão amiga fez-me chegar às mãos o estudo que a AGECOP vos apresentou (e cujos soundbites espremidos tem andado a plantar na comunicação social).

 

Fiquei muito satisfeita por ter tido acesso ao estudo, para já porque gosto de saber coisas, e depois porque confirmou aquilo que eu pensava. Confesso que não passei das primeiras páginas. Não precisei de ir mais longe. Presumo que não vos tenha passado ao lado, o "pequeno" detalhe, que faz com que o estudo apresentado seja absolutamente inútil, como contributo para o tema em questão, o PL118. Não, não me refiro ao facto de se um estudo com um trabalho de campo de recolha quase com 3 anos (nesta área, 3 anos representam vários ciclos de desenvolvimento, qualquer coisa com mais de 6 meses, já não serve de nada).

 

Refiro-me ao universo.

 

 

Portanto, o universo sobre o qual incidiu o estudo, refere-se única e exclusivamente, sobre pessoas que fazem gravações de conteúdos de media.

 

Entrevistaram uma catrefada de gente, a quem fizeram as perguntas de despiste, e depois, apenas fizeram as restantes perguntas aos 1.000 que disseram fazer gravações de conteúdos de media.

 

Não é, portanto, um estudo relevante para o tema em apreço, na medida em que não incide sobre os hábitos da população em geral, mas apenas dos indivíduos que disseram ter o hábito de gravação de conteúdos de media.

 

Uma vez que as taxas propostas pelo PL118 incidem sobre todos, encomendem um estudo que incida sobre o mesmo universo, e não apenas no universo que pretendem taxar.

 

Muito agradecida. Não tem de quê.

Reunião do Grupo de Trabalho que debate o #pl118

Jonasnuts, 10.02.12

Está já marcada para o próximo dia 15 de Fevereiro, no final do plenário, a 4ª reunião do grupo de trabalho criado, no âmbito da Comissão de Educação, Ciência e Cultura, que debate o PL118.

 

Para a ordem do dia estão agendadas as seguintes audições:

 

17h30:Audição conjunta com a FEVIP - Federação de Editores de Videogramas e a ACAPOR - Associação do Comércio Audiovisual de Obras Culturais e de Entretenimento de Portugal

18h15: Audição conjunta com a GDA - Cooperativa de Gestão dos Direitos dos Artistas, Intérpretes ou Executantes e a SPA - Sociedade Portuguesa de Autores

19h00:  Audição conjunta com a GEDIPE - Associação para a Gestão dos Direitos de Autor, Produtores e Editores e a VISAPRESS - Entidade de Gestão Colectiva o Direito de Autor

 

As reuniões do Grupo de Trabalho são de acesso público (reservado ao número de lugares disponíveis na sala onde se efectuar a reunião, sala essa que ainda não está identificada). Recomenda-se quem queira assistir, envie um mail à comissão, manifestando essa vontade.

 

Nota: Não sendo pública a lista de associados da AGECOP, não consigo perceber, mas dá-me ideia que todos os associados da AGECOP (que já foi ouvida) se mobilizaram e desataram a pedir audiências à Assembleia da República. É para parecerem que são muitos.

 

Nota não relacionada com a nota anterior: À data a que este post é escrito, a petição (que pode continuar a ser assinada aqui), conta com 7.766 subscritores. Dá-me ideia que nós somos mais.

ACTA - O que podemos fazer?

Jonasnuts, 07.02.12

Uma vez que a nossa comunicação social tem andado muito caladinha sobre o tema, resta-nos sermos nós, a informar quem nos rodeia, quem nos ouve, quem nos lê. É assustadora, a falta de informação acerca deste tema. Salvo raras e honrosas excepções, muitas à boleia do sururu da SOPA/PIPA nos Estados Unidos, ninguém fala da ACTA, nem do impacto que isto, a ser aprovado, terá nas nossas vidas.

 

Há aqui um link útil com informação acerca do que se pode fazer.

 

Pela parte que me toca, vou perguntar aos nossos representantes, qual a sua posição, e o que pensam acerca do tema, se sequer o conhecem.

 

Uma série de deputados assinou uma declaração em que disseram ter reservas sobre a transparência do processo e em que manifestaram dúvidas em relação ao conteúdo deste tratado. Em Julho de 2010.

 

Algus deputados portugueses assinaram esta declaração. Outros não.

 

Vou perguntar, aos que assinaram, se já esclareceram as dúvidas, e aos que não assinaram, porque é que não o fizeram, e qual é a sua opinião/posição acerca do assunto.

 

Para quem quiser fazer o mesmo, aqui fica o trabalhinho de casa.

 

Deputados que assinaram a declaração:


Luís Paulo Alves - PS - Mail

Regina Bastos - PSD - Mail

Carlos Coelho - PSD - Mail

António Fernando Correia de Campos - PS - Mail

Mário David - PSD - Mail

Edite Estrela - PS - Mail

Diogo Feio - CDS - PP - Mail

João Ferreira - PCP - Mail

Ilda Figueiredo - PCP - PEV - Mail

Ana Gomes - PS - Mail

Marisa Matias - BE - Mail

Miguel Portas - BE - Mail

Rui Tavares - BE/Independente - Mail

 

 

 

E os deputados que, aparentemente, não tinham quaisquer dúvidas em relação à ACTA em Julho de 2010, e que não assinaram a declaração.

 

Luís Manuel Capoulas Santos - PS - Mail

Maria da Graça Carvalho - PSD - Mail

José Manuel Fernandes - PSD - Mail

Elisa Ferreira - PS - Mail

Nuno Melo - CDS - PP - Mail

Vital Moreira - PS - Mail

Maria do Céu Patrão Neves - PSD - Mail

Paulo Rangel - PSD - Mail

Nuno Teixeira - PSD - Mail

 

 

Vamos ver se me respondem, ao mail que vou enviar a cada um deles.