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Jonasnuts

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Novos mundos

Jonasnuts, 28.10.08

Por motivos que não interessam absolutamente nada, recentemente debrucei-me sobre o mundo da cosmética e das mistelas que, não sendo propriamente cosmética, têm tudo a ver.

 

Fiz um mini-curso e tudo.

 

Abriram-se portanto as portas daquilo que eu julgava ser um nicho, mas que afinal é um mundo, não sei se é admirável, mas para mim é novo.

 

Nunca me tornarei numa daquelas pessoas que não sai de casa sem colocar o creme A, mais a base B, e o pó, e o compacto, e o risco e mais o caraças. Conheço-me suficientemente bem para saber que é seguro utilizar a palavra "nunca", neste caso. Eu sou aquela pessoa que prefere ficar mais 1 minuto na cama, em vez de pôr as lentes de contacto. De manhã, reduzo tudo ao essencial. E se não fosse o puto, nem pequeno almoço tomava, mas pronto, temos que dar o exemplo.

 

Então noutro dia aventurei-me em territórios por explorar, no Corte Inglês. Eu costumo ficar ali pelos jogos, computadores, electrónica, máquinas fotográficas, vá, que uma vez por outra vou até ao material de economato comprar qualquer coisa para o puto, sou capaz de dar uma vista de olhos nos livros, mas não ultrapasso essas fronteiras. Aventurei-me, achando que o meu mini-curso me tinha preparado para, pelo menos, reconhecer o básico.

 

Engano meu. Aquilo é um mundo, entre bases líquidas, semi-líquidas, pinceis vários, aplicadores, pinças variadas, sombras, blushs, pré-bases, hidratantes, rimmel, brilho, opaco, eyeliner, baton, gloss, compacto, pó, creme para os olhos, para os lábios, para os cotovelos, para sítios que eu não sabia que existiam.....tudo tem direito a creme.

 

E se vocês acham que isto é baratinho, tirem daí a ideia. Um boião, igualzinho às amostras de compota dos hotéis, é coisa para custar, calmamente, €40. Dizem-me que dura muito. Pois duram, então se for em minha casa dura mesmo uma eternidade, que eu bem os compro (comprar cremes faz-me sentir bem), mas nunca os uso.

 

Reparei também que quando começa a aproximar-se a hora do almoço, os mostradores ou vitrinas ou expositores ou lá como é que se chama aquela porra, começam a encher-se de mulherio..... e toca de usar e abusar das amostras, e vão trabalhar, à tarde, como se fossem para um karaoke de travestis. É um espectáculo que vale a pena presenciar.

 

Vou continuar a explorar este mundo, porque continuo a gostar de comprar cremes, mas tenho em casa uma âncora firme, à qual estou bem ligada e que, na pior das hipóteses e se o cenário começar a ficar grave, me arranja um olho roxo, de borla, e me traz de volta à realidade.

Coisas realmente importantes

Jonasnuts, 23.10.08

 

Este é o meu novo despertador. O antigo deu o berro há uns tempos, e era um daqueles xpto, que aumentam gradualmente a intensidade da luz de manhã, para um acordar mais suave, até ao auge em que desatava a apitar por tudo quanto é lado e lá se acabava a calma (sinónimo, eu finalmente acordava, que o aumento de intensidade da luz nunca fez grande efeito e eu posso estar a levar com o sol na tromba, que me mantenho calmamente a dormir).

 

Frustrou-se o antigo despertador que chateado de tanta graduação luminosa sem qualquer efeito, de repente começou a achar que a meio da noite é que era bom para a apitar e fez-me destas por duas vezes, até eu lhe ter cortado o pio, desligando-lhe a alimentação. Que é como tem estado há uns tempos valentes, tendo eu de me socorrer do telemóvel para efeitos de acordadela.

 

Andava à procura e hoje, sem querer, encontrei-o. É relógio, rádio, calendário e tem a forma perfeita. Vou acordar ao som dos suspiros cavernosos desse ícone da ficção científica, Darth Vader. Acende o sabre de luz, acende umas luzes por baixo da base, e suspira alto que se farta.

 

Está tudo cheio de inveja, cá em casa. Mais uns tempos e presumo que hei-de ver os Darth Vader a proliferarem pelas mesas de cabeceira desta casa.

Prazo de validade

Jonasnuts, 23.10.08

Há uns dias encontrei um antigo colega. Trabalhou comigo no SAPO, há cerca de 8 anos, e depois saiu. A meio da troca de galhardetes da praxe ele sai-se com um bombástico:

-Então e tu? Onde é que estás? Claro que já não estás no SAPO, certo?

 

E eu sorri e confirmei o impossível. Ainda estou no SAPO.

 

Ultrapassei rapidamente a expressão de espanto e estupefacção que me devolveu, continuámos com a conversa óbvia e previsível até ao fim e despedimo-nos.

 

Mas fiquei a pensar.

 

Antigamente, os nossos pais e, sobretudo, os nossos avós, tinham um emprego para a vida. E os que não tinham sonhavam ter.

 

Hoje as coisas estão, felizmente, um pouco diferentes, pelo menos na área onde me movimento, apesar de não haver muitas alternativas de jeito.

 

Mas, quando é que uma relação colaborador/entidade patronal chega ao fim do seu prazo de validade?

 

Como é que se identifica o momento em que se deve começar a pensar em mudar de ares? Quando as pessoas recorrem à nossa memória para identificar a origem de um projecto? Quando temos um arquivo de fotos melhor e mais rico (e mais divertido, já agora) dos colaboradores da empresa?

Quando sentimos que nos habituámos à empresa e esta se habituou a nós?

 

Quando?